A infestação pode provocar entre outros problemas a diminuição na produção de leite
Foto Jacqueline Shibata
Temperaturas acima de 27°C e alta umidade do ar contribuem para a multiplicação de carrapatos bovinos (Rhipicephalus microplus). De acordo com a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e veterinária Dra. Márcia Cristina de Sena Oliveira, condições ambientais propícias, como nesta época de chuva e calor, afetam diretamente a esses parasitas, facilitando a eclosão de larvas provenientes dos ovos colocados nas pastagens.
Segundo a pesquisadora, os prejuízos produzidos pelos carrapatos são significativos e difíceis de serem calculados. “Os gastos no controle do parasita são representativos, como construção de banheiros de aspersão, compra de acaricidas, pagamento dos serviços, medicamentos, redução da natalidade, entre outros. Além disso, os tratamentos podem gerar resíduos na carne e no leite e, ainda, contaminar o meio ambiente”, destaca.
Outra preocupação é com a saúde e bem-estar dos animais. Os carrapatos se alimentam de sangue. Cada fêmea pode ingerir até 0,5 ml. Ainda, transmitem hemoparasitas para os bovinos, microrganismos que produzem doenças hemolíticas graves, conhecidas como a tristeza parasitária bovina (TPB). Os principais sintomas da TPB são apatia, prostração, mucosas oculares pálidas ou amareladas, febre acima de 40°C, desidratação, urina escura. Podem apresentar também sinais neurológicos, principalmente relacionados à coordenação motora.
De uma forma geral, a infestação de carrapatos nos bovinos pode provocar perda de peso, diminuição na produção de leite, danos no couro, anemia, entre outros malefícios.
Os métodos de controle devem incluir ações para reduzir o número de parasitas no gado e nas pastagens. O controle estratégico, conforme a pesquisadora deve ser realizado com um acaricida que apresente mais de 90% de eficácia e ser iniciado na primavera, com intervalos de 21 dias, até que se consiga uma infestação baixa no rebanho (cerca de 20 carrapatos/animal). É importante que os acaricidas sejam usados nas concentrações indicadas pelos fabricantes, em dias secos, para que a chuva não lave o medicamento. A rotação de pastagens também é recomendada, dando um descanso maior de 90 dias para os piquetes. Outra dica é usar animais com suscetibilidade reduzida, o que irá diminuir a necessidade de tratamentos e a quantidade de parasitas nas pastagens.
O ciclo
Os carrapatos apresentam vários estágios de desenvolvimento. Márcia explica que as fêmeas, repletas de sangue, caem dos bovinos e fazem a postura dos ovos nas pastagens. Esses ovos originam as larvas, conhecidas como micuins, que ficam na ponta das folhas do capim.
Atraídos pelo calor, prendem-se aos bovinos. Fixados na pele, alimentam-se do sangue do animal. Em seguida, as larvas transformam-se em ninfas e, posteriormente, sofrem diferenciação sexual. Os machos fecundam as fêmeas, que, ao redor do 21° dia, se ingurgitam com o sangue dos bovinos e caem para fazer a postura nas pastagens, reiniciando o ciclo.
Cada fêmea pode colocar cerca de três mil ovos. As altas taxas de carrapatos em alguns sistemas de criação de bovinos é resultado da grande infestação presente nas pastagens, abrigo de cerca de 90% desses parasitas.
A redução dessa população só ocorre quando as condições ambientais não forem mais propícias ao desenvolvimento das larvas nas pastagens, ou seja, no período seco e frio. Porém, a larva pode se manter viável por períodos de até 200 dias nas pastagens, o que dificulta o controle.
Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste