A Associação Mineira firma parceria com programa do Governo
Muito se fala que animais geneticamente superiores são para poucos e que apenas uma pequena parcela dos produtores de leite tem acesso a genética de qualidade. Sempre foi inviável, sobretudo para pequenos e médios criadores, venderem um animal, ou mesmo realizar um leilão; os altos custos e a complicada logística agrava a situação e esses muitas vezes, ficam vetados ao crescimento e inibidos na hora de investir.
Mas as coisas estão mudando. A Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais – ACGHMG assinou, no mês passado, uma parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Emater/MG, IMA e Epamig para participarem do programa do Governo Pró-Genética e Pró-Fêmeas.
A partir de agora surgem novas oportunidades e os associados da raça Holandesa poderão adquirir animais de qualidade e também vendê-los. O comprador negocia direto com o criador e os negócios são fechados na porteira. Principalmente, o pequeno e médio produtor terão igual possibilidade de fazer um bom negócio.
O Diretor Executivo da ACGHMG, Dr. Silvano Carvalho Júnior esteve no gabinete do Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, João Cruz Reis Filho para firmar a parceria.
Segundo o secretário, o programa Pró-Genética completa 10 anos e tem crescido muito em termos de números de animais geneticamente superiores comercializados. “Sempre me surpreendeu muito a não participação da raça Holandesa, pois ela tem grande importância para a pecuária leiteira e acredito que a adesão da raça será muito boa, tanto para os criadores que terão a oportunidade de vender seus animais, quanto para o público final, pois os produtores de leite poderão adquirir animais comprovadamente superiores”, comenta. O Secretário ainda ressalta que os programas proporcionam vários benefícios, entre eles a divulgação da raça e dos criadores em diversos eventos, e sobretudo é uma ótima oportunidade de complementar a renda do produtor. “Por meio dos programas contribuímos com todo o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite”, ressalta João Cruz.
Dr. Silvano acredita que essa é uma ótima oportunidade para todos os associados de venderem seus animais e também de comprar fêmeas e machos de qualidade a preços acessíveis e condições facilitadas. “Esse é um dos papéis da Associação, gerar possibilidades para os associados investirem e ampliarem a sua produção”.
Acredito que você leitor já tenha ouvido falar em Pró-Genética e Pró-Fêmeas. Mas, será que você sabe o que são esses programas?
PRÓ-GENÉTICA
O nome significa Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino do Estado de Minas Gerais, criado em 2006, possui como objetivo a venda de touros melhoradores. A intenção é aumentar a produtividade, competitividade e sustentabilidade da atividade pecuária brasileira, incentivando pequenos produtores rurais a utilizar animais geneticamente superiores no seu cruzamento.
Os principais objetivos são promover a transferência de genética superior dos planteis de bovinos de seleção para os estratos básicos de produção comercial em gado de corte e de leite; viabilizar a compra de touros melhoradores, com registro genealógico, especialmente pelos pecuaristas (leite e corte) com rebanhos de até 160 cabeças (até 100 vacas) e melhorar a qualidade do rebanho bovino comercial e contribuir para criação de mecanismos que aumentem a produção e a renda do pequeno e médio produtor rural (geração de emprego e renda no campo).
PRÓ-FÊMEAS
O programa foi criado em 2014, com o objetivo de fortalecer a produção leiteira no Estado de Minas Gerais, através de animais geneticamente superiores. Esse programa é uma extensão do Pró-Genética.
O programa possibilita a comercialização de fêmeas com idade entre 16 e 60 meses. Os animais precisam ter Registro Genealógico Definitivo (RGD) ou Controle Genealógico Definitivo (CGD), exame negativo para brucelose e tuberculose, aos 30 meses estar prenhes, aos 40 meses estar em lactação e/ou, no mínimo, na segunda gestação.
A proposta é estimular a adoção do uso, em larga escala, de fêmeas de alta qualidade genética de diversas raças bovinas adaptadas para a produção de carne e leite nas propriedades rurais do Estado.
O programa oferece em feiras e leilões fêmeas geneticamente melhoradas, com comprovação pelo programa genético oficializado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Vale lembrar que a Associação Mineira é uma entidade da raça Holandesa aferida pelo Ministério da Agricultura.
OS NÚMEROS
O Estado de Minas Gerais se destaca na pecuária bovina nacional. Na produção de leite, o Estado ocupa tradicionalmente o primeiro lugar, com um volume de cerca de 7,0 bilhões de litros/ano. Segundo dados do IMA, o rebanho bovino de Minas Gerais está presente em 330 mil propriedades rurais, e é constituído de cerca de 7,5 milhões de vacas e 317 mil touros / reprodutores, o que representa uma média de 58 cabeças totais de bovinos e 23 vacas, por propriedade, com predominância de pequenos pecuaristas e que, na sua grande maioria, se enquadram na chamada “agricultura familiar”.
PERFIL DO PRODUTOR
A estratificação clássica dos rebanhos bovinos atende a um padrão caracterizado por uma pirâmide. Nessa figura, temos no topo desta pirâmide os rebanhos denominados elite, onde concorrem os fatores plenos para a seleção de características de interesse econômico. Esse setor representa menos de 1% da população bovina, mas em contrapartida, acumula ganhos genéticos que, associados à biotecnologia (transferência de embriões, fertilização “in vitro”, inseminação artificial), podem se multiplicar de forma vertiginosa quando comparado à velocidade determinada pelos padrões naturais de multiplicação dos animais (monta natural). Tais fatos transformam os rebanhos deste estrato da população nos verdadeiros e potenciais modificadores do perfil de produção animal.
Entre a base da pirâmide e os núcleos elite de seleção, encontram-se os que são denominados rebanhos multiplicadores. Respondendo pela efetivação do fluxo genético entre os dois extremos da população (rebanho “elite” no topo da pirâmide e “rebanho comercial” na base), os rebanhos multiplicadores incorporam parte dos ganhos genéticos acumulados nos estratos elite e disponibilizam boa parte desses ganhos para a base da pirâmide onde encontram-se, o rebanho comercial, reduzindo a distância entre os extremos.
Usualmente, o mecanismo biológico mais eficaz na transferência dos ganhos genéticos tem sido através do uso de touros melhoradores. De fato, em melhoramento, atribui-se ao uso de touros melhoradores uma contribuição ao redor de 75% das mudanças genéticas. Isso se explica pelos seguintes fatores:
· do total de machos nascidos, no máximo 10% são necessários para manter a população reprodutivamente ativa;
· isto implica que até 90% dos machos nascidos em uma safra podem ser descartados, o que, por sua vez, permite que a pressão de seleção aplicada seja muito superior àquela aplicada sobre as fêmeas;
· um touro pode deixar muito mais descendentes do que uma matriz em uma mesma unidade de tempo, pelo simples fato biológico de como ele contribuí para a formação de um novo bezerro, 1 touro cobre 30 vacas, em monta natural.
Avaliando todos os fatores acima, o Pró-Genética agrega valor ao rebanho comercial atuando desde os rebanhos “elite”, passando pelos “multiplicadores”, além de organizar a demanda e oferta de tourinhos de alto valor genético, e apoiar a sua comercialização, seja através de financiamentos bancários ou mesmo a financiamentos diretos entre pecuaristas, durante as “feiras de tourinhos”.
FIQUE POR DENTRO
COMERCIALIZAÇÃO
O Programa acontece, preferencialmente, por meio de eventos como feiras ou leilões, podendo também ser estimulada a comercialização direta nas propriedades rurais ou por meio do uso de plataformas eletrônicas.
GERANDO ENCONTROS
A entidade que tiver interesse em realizar, em sua região, um evento “Feiras de Touros”, no âmbito do Pró-Genética e, consequentemente, usufruir de todos os benefícios oferecidos por este Programa deverá encaminhar sua solicitação formalizada à SEAPA MG, com antecedência mínima de três meses da data prevista para a realização, para análise do pleito.
A HORA DA VENDA
Até setembro de 2016, o programa Pró-Genética havia comercializado mais de 1.000 touros, em feiras e leilões, com valor médio de R$ 7.020,00.
Os negócios fechados podem ter financiamento dos próprios vendedores em parcelas mensais iguais (1+9 =10 ou 1+ 13= 14 … ); ou linhas de crédito bancário já existentes, tais como as do programas PRONAF, PROGER, PROPEC-MG, FNE (Banco do Nordeste ), BOI NO PASTO ( Banco do Brasil ), BB Pecuária Leiteira, MCR 6.2, além de outros. Estes programas já têm definidos recursos de financiamento, na linha do crédito rural (juros de 3,00 a 8,75% a.a.) e prazo de até 5 anos para pagamento, através do Banco do Brasil, Cooperativas de Crédito e Banco do Nordeste.
PARA PARTICIPAR
Os criadores interessados em participar dos programas devem procurar uma unidade da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – Emater ou a Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais.
AMPLIANDO
Fica aqui o ditado, o que é bom deve ser propagado. O Programa Pró-Genética será estendido para mais 13 estados brasileiros e no Distrito Federal. Implantado inicialmente no estado de Minas Gerais, devido aos resultados positivos alcançados com a capacitação e motivação de técnicos aplicadores e multiplicadores ligados as instituições parceiras, o programa agora será implementado no Espírito Santo, na Bahia, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, em Sergipe, no Pará, na Paraíba, em Tocantins, em Mato Grosso, em Goiás, em São Paulo, no Paraná e no Distrito Federal.
EXIGÊNCIAS PARA PARTICIPAR DO PRÓ-FÊMEAS | VACAS
– Possuir o Registro Genealógico Definitivo (RGD) ou Controle de Genealogia Definitivo (CGD) ou Certificado Controle Genealógico (CCG) junto às associações de criadores autorizadas pelo MAPA, das raças bovinas voltadas para a produção de leite;
– Ter idade máxima de 60 (sessenta) meses na data de realização do evento;
– Apresentar exames negativos de brucelose e tuberculose, dentro dos prazos de validade, conforme PNCBT; e
– Estar prenhas ou em lactação para animais a partir dos 30 (trinta) meses de idade;
– Poderão participar do evento bezerras com Registro Genealógico de Nascimento (RGN) ou Controle Genealógico de Nascimento (CGN) ou Cruzamento sobre Controle de Genealogia (CCG), conforme regulamento das associações de raças, até idade limite do Registro Genealógico Definitivo (RGD) de acordo com a raça, que tenham o atestado de vacinação de brucelose para fêmeas até 24 meses de idade.
A partir de janeiro de 2018, as fêmeas a serem ofertadas deverão ainda atender aos seguintes requisitos:
a) os pais devem ser positivos para produção de leite e no mínimo para três características de conformação ou em processo de avaliação, por meio de programa de melhoramento genético reconhecido pelo MAPA; ou
b) a mãe deve possuir controle leiteiro oficial, com produção mínima, em 305 (trezentos e cinco) dias, acima da média da raça no ano anterior.
A partir de janeiro de 2020, as fêmeas deverão, além de todos os requisitos já citados, os animais terão que apresentar os índices de seleção positivos nos programas de avaliação genética reconhecidos pelo MAPA.
EXIGÊNCIAS PARA PARTICIPAR DO PRÓ-GENÉTICA | TOUROS
– Possuir o Registro Genealógico Definitivo (RGD) ou Controle de Genealogia Definitivo (CGD), junto às associações de criadores autorizadas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, das raças bovinas voltadas para a produção de leite;
– Pertencer às categorias Puro de Origem (PO) ou puro Sintético (PS) ou seus respectivos grupos genéticos, 3/4 ou 5/8;
– Ter idade entre 18 e 42 meses na data de realização do evento;
– Apresentar exame andrológico “apto à reprodução”, de no máximo de 60 (sessenta) dias antes do evento;
– Apresentar exames negativos de brucelose e tuberculose, dentro dos prazos de validade, conforme Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCBT); e
– Ter o peso compatível com a idade e em conformidade com o definido pelas associações de raças.
Os touros, para serem reconhecidos como de aptidão leiteira, devem ainda atender aos seguintes quesitos:
l Avaliação genética positiva para leite (PTA) própria ou de seus pais; ou
l Certificado de controle leiteiro aferido por programas oficiais de melhoramento genético, contendo os dados de lactação da mãe ou de uma de suas avós, corrigido de 305 (trezentos e cinco) dias, com no mínimo as seguintes produções:
Girolando (1/4 Hol + 3/4 Gir) = 2.800 kg de leite;
Girolando (demais graus de sangue) = 4.000 kg de leite;
Holandês = 7.000 kg de leite.
A partir de 2018, os touros que serão ofertados deverão atender ainda os seguintes requesitos:
Touros com aptidão leiteira:
a) idade máxima de 42 (quarenta e dois) meses na data de realização da Feira ou Leilão;
b) pais positivos para produção de leite e superiores em no mínimo três características de conformação ou em processo de avaliação, por meio de programa de melhoramento genético reconhecido pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA; ou
c) comprovação de controle leiteiro oficial das mães, com produção mínima acima da média da raça no ano anterior, em 305 dias.
AGENDA PRÓ-GENÉTICA EM MINAS GERAIS
19/11/2016
4º Leilão Safy de Nelore Mocho – Buritis
22/11/2016
Leilão TAB G4-Produção – RAÇA Tabapuã – Guarda-mor
25/11/2016
Feira de Touros Pró-Genética de Itapagipe
02/12/2016
llª Feira de Touros de São Gonçalo do Abaeté
09/12/2016
1ª Feira Pró-Genética de Pratinha
Mais informações: www.emater.mg.gov.br