Medidas preventivas ajudam no controle do carrapato bovino evitando grandes prejuízos
Nesta época do ano, com altas temperaturas e muita umidade, a infestação de carrapatos em bovinos aumenta, por isso os criadores devem estar atentos para evitar sérios prejuízos financeiros. Esses parasitas causam uma série de problemas nos animais, como perda de peso, lesões na pele e anemia. Além disso, estima-se que os prejuízos causados pelo ectoparasita cheguem a 3,24 bilhões de dólares ao ano no País, com impactos negativos na produção de leite.
É considerado como um dos parasitas mais nocivos a bovinos suscetíveis, de origem europeia e seus mestiços, principalmente os da raça Holandesa.
Segundo o veterinário Raul Mascarenhas Santana, da Embrapa Pecuária Sudeste, os carrapatos também são transmissores dos hemoparasitas causadores da tristeza parasitária bovina – TPB, doença que tem alto índice de mortalidade nos rebanhos, principalmente em animais jovens.
Pesquisas apontam que no Brasil, a tristeza parasitária bovina é causada pela Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale, transmitidas pelo carrapato (Riphicephalus microplus) e moscas hematófagas (Tabanídeos – conhecida como mutuca; Stomoxys calcitrans – conhecida como mosca do estábulo), mosquitos (Culex e Aedes) ou por material contaminado com o sangue de animais infectados como, por exemplo, agulhas reutilizadas.
SINTOMAS
A Babesia e Anaplasma parasitam as células vermelhas do sangue (as hemácias), causando a principal manifestação clínica da doença que é a anemia. Os animais apresentam um olhar triste, fraqueza, mucosas oculares e vaginais esbranquiçadas ou amareladas, desidratação, pelos arrepiados e febre. Se a infecção for causada pela Babesia, os animais podem apresentar urina escura (avermelhada ou cor de coca-cola).
Além de afetar a saúde e o bem-estar dos bovinos, os prejuízos gerados pelos carrapatos para o produtor são representativos. Para controlar a infestação, o pecuarista terá gastos extras na compra de carrapaticida, medicamentos veterinários para tratamento dos bovinos, construção de banheiros de aspersão, entre outros. Ainda, há diminuição na produção de leite e carne.
CONTROLE
Algumas ações preventivas podem reduzir o número de carrapatos na propriedade. O produtor deve fazer rotação de pastagens para diminuir a quantidade de parasitas no pasto. Além disso, deve optar por raças de animais mais resistentes, diminuindo a necessidade de tratamentos. “Os animais que constantemente estão infestados, destoando do rebanho, chamados popularmente de ‘animais de sangue doce’, devem ser descartados”, afirma o veterinário.
O controle deve ser realizado ainda na primavera com um acaricida com mais de 90% de eficácia, com intervalos de 21 dias, até que se consiga uma infestação baixa (cerca de 20 carrapatos/animal). De acordo com Santana, é preciso atuar nos animais de forma estratégica nos meses de seca, fase em que o parasita está mais susceptível às condições ambientais.
Outra recomendação importante é usar o carrapaticida de forma correta, de acordo com as concentrações indicadas pelo fabricante. A utilização indiscriminada pode resultar na presença de resíduos no leite e no meio ambiente. Outro problema do uso incorreto e intenso está relacionado à resistência do carrapato aos produtos disponíveis no mercado.
O fato do produto não ser eficaz é uma reclamação constante observada no campo. Por isso, a importância de se divulgar o exame biocarrapaticidograma. Esse exame é realizado gratuitamente ou a preços acessíveis por alguns órgãos de pesquisa. Com o resultado do exame em mãos, o produtor consegue saber quais são os melhores carrapaticidas a serem usados na propriedade.
Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste
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