A NATUREZA E O BOLSO AGRADECEM

A energia fotovoltaica pode reduzir até 95% do valor da conta de energia

Em tempos de economizar, muitos criadores estão atentos a alternativas para maximizar os investimentos, minimizar os gastos e quem sabe até conseguir um faturamento extra.
Nesta edição vamos falar sobre a energia fotovoltaica, ela tem sido uma boa alternativa de economia para os produtores de leite.
A equipe do JORNAL HOLANDÊS conversou com o administrador, Frederico Prados Lima sobre a energia fotovoltaica. “Entre os benefícios do sistema está a redução de até 95% do valor da conta e a valorização do imóvel em torno de 5% a 8%”, ressalta.
Ele traz dicas, experiencias e fala sobre a implantação na fazenda Pedacinho do Céu, do associado Osanan Pereira Caixeta, Rio Paranaíba – MG.

Fazenda do associado Osanan Pereira Caixeta, em Minas Gerais | Fotos: Divulgação Engie

JORNAL HOLANDÊS: Os termos energia eólica, solar e sistemas fotovoltaicos possui o mesmo significado?
FREDERICO PRADOS LIMA: Não, não é a mesma coisa.
A energia eólica é aquela que transforma a energia do vento em energia útil, isto é, capaz de movimentar o barco a vela, o moinho de grãos e também aerogeradores.
A produção de energia elétrica através da energia eólica se dá pelo uso de “aerogeradores” que são capazes de transformar a energia cinética (enquanto giram) em energia elétrica.
Já a energia solar e a energia fotovoltaica são comuns se confundirem. A energia solar é o termo usado para identificar a energia da luz e calor provenientes do sol. E aí temos diversas tecnologias que aproveitam esta energia. Cito aqui algumas como: aquecedores solares, energia heliotérmica (CSP), fotossíntese artificial e até mesmo a energia fotovoltaica.
A energia fotovoltaica é aquela que faz a conversão direta da luz em eletricidade. Para isso são utilizadas as chamadas células fotovoltaicas, que são materiais semicondutores que tem a finalidade de captar a luz e converter em eletricidade.

JH: Como funciona a energia solar fotovoltaica?
FL: A energia solar fotovoltaica é gerada através da captação da luz do sol por meio da instalação de placas/painéis compostos de conjuntos de células fotovoltaicas. Estas placas são instaladas de forma a captar pelo maior tempo possível a luz solar. Para isso se faz um estudo de incidência, melhor posição de instalação, etc. Quando a luz solar incide sobre a placa os elétrons do material semicondutor (silício) são postos em movimento e desta forma geram a eletricidade. Esta energia gerada é encaminhada através de cabos até os inversores, estes convertem a energia gerada pela placa corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA) na tensão adequada para sua casa, fazenda ou empresa.

JH: Quais os locais da fazenda que pode ser utilizada a energia fotovoltaica?
FL: São diversos os locais de instalações nas fazendas. Podem-se utilizar telhados de casas, barracões, espelhos d’água de lagoas ou açudes e até mesmo rente ao chão (no caso de áreas não agricultáveis como cascalheiras, por exemplo).

JH: Como escolher o melhor local para a sua implantação?
FL: Para a instalação é feita uma análise técnica que procura identificar o nascer e por do sol, estruturas que eventualmente podem gerar sombras e inclinação.
No Brasil a posição ideal das placas é voltada para o Norte. Pois o sol nasce ao Leste, sobe se inclinando ao Norte e se põe no Oeste. Na prática, isso significa, se temos um telhado com face voltada para o Norte e verifica que não ocorrem sombras nesta área, aí está, do ponto de vista de incidência o local ideal para instalação.
Quanto ao ângulo de inclinação busca se o mesmo da latitude da região onde se está. Exemplo: O Rio de Janeiro se encontra na latitude 22º, portanto a melhor posição do painel será Face Norte 22º de inclinação.
Quando não existe a possibilidade de instalação nestes termos, é feita a compensação da perda de geração com o aumento de placas no sistema.

JH: Esse sistema pode ser utilizado em qualquer região do Brasil?
FL: Sim, este sistema pode ser utilizado em qualquer região do Brasil. Basta que haja incidência de luz solar.

JH: Como ele funciona em tempo nublado ou chuvoso?
FL: Em dias nublados ou chuvosos o sistema não deixa de funcionar. Como nestes dias, principalmente os chuvosos com nuvens negras e muito carregadas, nota-se a diminuição de incidência de luz ocorre que a captação fica prejudicada. Portanto, o sistema não irá produzir energia com o mesmo grau de aproveitamento de um dia ensolarado.

JH: Como é definido a quantidade de placas, tamanho, as características técnicas para implantação do sistema?
FL: O tamanho do sistema dependerá da quantidade de energia que se quer gerar, quanto no valor do gasto com energia elétrica se quer reduzir e da área disponível para instalação. Parece simples, mas, existem variáveis que interferem nesta decisão. Como o tipo de contrato com a concessionária, o tamanho do transformador existente, a condição da infraestrutura elétrica, etc.
Definida a carga, faz se o cálculo de potência máxima a ser atingida e daí se divide pela capacidade de geração das placas a serem instaladas. Existem placas que produzem 170 watts até 320 watts. Cada qual com a sua especificação e tamanho. Da mesma forma será definido qual inversor usar e com qual potência.

JH: Você teria uma média de investimento?
FL: O investimento vai depender da qualidade do sistema que se vai colocar. Parece óbvio né, mas existem tantas empresas e prepostos oferecendo hoje este serviço, que fica difícil ao consumidor menos esclarecido decidir pela melhor compra. Na prática o mais caro não será necessariamente o melhor e também o mais barato não será o pior.
Um bom sistema hoje deve juntar placas e inversores de qualidade comprovada, que passaram por testes de eficiência prática com todo cuidado e respeito às normas de instalação e utilização de infraestrutura elétrica e de proteção homologados.
Respeitados esses preceitos e levando-se é claro a relação cambial atual, diria que em média teríamos um valor de R$ 5.000,00 /kwp (Quilowatt pico).

JH: Qual a conta que o produtor deve fazer para saber se o investimento vale a pena?
FL: Eu diria que é simples se decidir por este investimento. Digo isso pelas seguintes vantagens que o sistema trás:

  • Redução de até 95% do valor da conta;
  • Valorização
    do imóvel em torno
    de 5% a 8%;
  • Quem possui usina não paga multa numa eventual situação de racionamento de energia;
  • O sistema bem cuidado dura de 20 a 25 anos sem necessidade de substituição;
  • O retorno do investimento ocorre normalmente de
    3,5 a 6 anos;
  • Existem situações de financiamento que as parcelas do sistema chegam a ser menores que a conta de energia já paga pelo consumidor.

JH: Quanto tempo leva para ter o retorno no investimento?
FL: O retorno do investimento (pay back) se dá em 3,5 a 6 anos.

JH: Após a implantação do sistema como fica a relação com a operadora de energia?
FL: A operadora de energia é essencial ao sistema. Ela é comunicada da instalação, libera a mesma, faz vistoria para verificar necessidades de adequação ou melhorias da rede. Após início da geração é ela quem vai receber a energia excedente e distribuir na sua rede.
Na prática então, quem produz não armazena a energia. A concessionária faz a substituição de seu relógio por um que mede a energia que entra na propriedade e também aquela que sai proveniente da geração do cliente. A partir daí o cliente recebe um relatório do saldo de energia e paga pelo saldo negativo se este existir.
Se o cliente gerou mais que gastou tem saldo positivo com a concessionária, se gastou mais que gerou tem saldo negativo e paga pela energia “comprada”.

JH: Há incentivos do Governo para utilização dessa energia renovável?
FL: O Brasil ainda está desenvolvendo mecanismos para melhor incentivar o uso de Energia Fotovoltaica. Existem Resoluções da ANEEL, do CONFAZ específicos para este fim.
Mas hoje já é possível, por exemplo, o consumidor gerar energia e aproveitar seu saldo em qualquer propriedade com conta de energia inscrita no mesmo CPF ou CNPJ da unidade geradora. Desde que pertencente a mesma área da concessionária.
Isto é, o produtor pode gerar numa fazenda energia suficiente para abastecê-la e utilizar o saldo positivo para se beneficiar em outros imóveis que por acaso possua. Ainda que em outra cidade.

JH: E há opções de financiamentos?
FL: Sim. Algumas instituições financeiras oferecem crédito de financiamento para compra e instalação de usinas fotovoltaicas. Cada banco ou instituição dá seu nome para o crédito, portanto sugiro procurar seu gerente e questionar.
Existem também empresa que fazem financiamento próprio de seus sistemas, cito como exemplo a ENGIE Solar que financia seus sistemas em até 72 vezes com juros competitivos.

JH: Esse sistema também pode ser outra fonte de renda?
FL: Sim, claro!
Hoje existe a possibilidade de gerar e vender a energia. Temos também casos em que produtores oferecem áreas para instalação de usinas fotovoltaicas e recebem aluguel pelo espaço.
Em Juazeiro, por exemplo, existe um projeto com participação da Caixa Econômica Federal em que em dois condomínios serão instaladas mais de 9.500 placas de geração de energia com produção estimada de 3.600 megawatts por ano. Toda energia será medida e vendida para a própria Caixa.

JH: Há empresas que implantam o sistema e o criador não investe em estrutura. Como funciona essa opção?
FL: Existem empresas que trabalham com o sistema de locação da Usina Fotovoltaica. A empresa fornecedora entra com todo o investimento, instalação e homologação do sistema e faz um contrato de locação com o cliente permitindo ao final do contrato a opção de compra.
Particularmente vejo esta opção como transitória. Serve para casos em que o cliente não está seguro quanto ao investimento ou eficiência da geração.

JH: Em quais locais você acompanhou a implantação do sistema fotovoltaico?
FL: Fiz a negociação, compra e acompanhei todo o processo de instalação numa indústria e numa fazenda ambas na região mineira do Alto Paranaíba. Pude acompanhar também a instalação num clube em Montes Claros – MG, e esta foi quem me ajudou bastante a decidir com qual empresa fornecedora fazer negócio.
A indústria é a Rações Geraleite, que fica no município de São Gotardo- MG e possui uma usina de 214 kwp.
A fazenda é de propriedade do Sr. Osanan Pereira Caixeta, localizada no município do Rio Paranaíba com uma usina de 267 kwp.
O clube de Montes Claros é o Max Min Clube. Aliás, o primeiro clube do Brasil a inaugurar uma usina fotovoltaica. Lá foi instalada uma usina de 248 kwp.

Fazenda do associado Osanan Pereira Caixeta, em Minas Gerais

JH: E como estão os resultados na fazenda do associado Osanan?
FL: Na fazenda em questão como está no início da operação, não posso aqui afirmar como amostragem os resultados.
Esperasse uma economia de R$ 306.000,00 por ano. A usina estará paga em 3,5 anos e a partir daí como diz o próprio proprietário “será só alegria”.

JH: Enfim, energia solar vale a pena?
FL: Sim, vale muito a pena!
Além da economia e retorno financeiro que a tecnologia trás. Vale a pensa citar a contribuição ambiental do sistema.
Não posso me furtar aqui de dizer que existem outras opções. Como por exemplo, a compra de energia no mercado livre. Para isso o consumo precisa ser superior a 500 kwp. Em Minas Gerais a própria Cemig vende energia no mercado livre mais barata que a vendida no mercado fechado.