O novo Diretor Executivo da Associação Mineira, Dr. Francisco aprendeu que desde cedo, independente do desafio é importante investir em qualidade
Filho de pai, mãe e avós ligados a pecuária leiteira com aproximadamente 100 anos de história, Dr. Francisco Otaviano Fonseca Oliveira é o novo Diretor Executivo da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais – ACGHMG. Com 39 anos, nascido em Adrelândia – MG é formado em Medicina Veterinária e Pós-Graduado em Reprodução de Bovinos.
Em uma conversa descontraída, ele nos contou histórias de sua vida e revelou uma personalidade conciliadora baseada em experiências profissionais adquiridas ao longo de sua carreira que tem passagens em diversos segmentos da cadeia produtiva do leite, inclusive com uma experiência anterior na própria entidade. São com essas caraterística que conhecido carinhosamente pela raça como Chicão, ele passou a dirigir a Associação Mineira desde dezembro de 2018.
O INÍCIO
Tudo começou com os meus avós, a propriedade que estamos hoje foi do meu bisavô e em 2023 estaremos completando 100 anos. Sempre tive ligação com animais. Cresci entre eles, minha família tem origem no campo tanto por parte de mãe e pai. No início a pecuária era bem antiga, condizente com o que tinha na época e de uns anos para ká, com mais experiência, eu e meu irmão conseguimos desenvolver um trabalho mais moderno e bem bacana.
QUANDO SURGIU O HOLANDÊS?
Eu me recordo que o meu primeiro contato com o gado Holandês foi em 1988… Meu pai comprou um tourinho de uma fazenda em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Buscamos o tourinho em um VW Variant, azul. Removemos o banco da frente, forramos o assoalho do carro com capim e feno e assim o bezerrinho veio deitado. Foi um fato tão marcante que nunca me esqueci do nome dele, 2W Fidalgo. A visão da forma com que eram criados, o sistema de ordenha e o contraste em relação aos que possuíamos me deixou admirado. Esse animal foi inserido no nosso rebanho e rapidamente notamos a diferença.
TRAJETÓRIA NO LEITE
Escolhi a Medicina Veterinária porque foi uma forma profissional de demonstrar meu amor pela história centenária da minha família e ficar próximo dos animais e do campo.
Comecei como estagiário no Engenho da Rainha, perto de Juiz de Fora que já era destaque na criação de Holandês, na época eu cursava o 5º período, e o convite veio por meio do Marcos Vinícius, que foi meu professor e coordenador de estágio, além de pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Nessa propriedade trabalhei com o Dr. Eduardo Lopes, Médico Veterinário, que me apresentou a Associação Mineira. Foram dois anos e meio trabalhando na fazenda com o Gado Holandês.
O Eduardo Lopes vinha muito na ACGHMG e por meio dele tomaram conhecimento sobre mim. Meu primeiro contato foi com Ricardo Bertola que me convidou para acompanhá-lo em um roteiro de visitas. Após isso fui informado que gostaram do meu perfil e que após a conclusão do curso estariam interessados em me chamar, na eminencia de uma vaga. A vaga que surgiu foi justamente a do Bertola. Em 14 de janeiro de 2008, entrei substituindo justamente ele como Técnico de Registro onde fiquei até dezembro de 2012. O trabalho no Engenho da Rainha e o apoio e a confiança que o Eduardo Lopes depositou no tempo em que eu era estagiário foram de suma importância para o meu crescimento profissional. Agradeço muito a oportunidade que a ACGHMG me propôs, pois abriu as portas para o mercado de trabalho como profissional graduado, mas não esqueço de quem confiou e apoiou quando eu era estagiário.
Na Engenho da Rainha eu adquiri experiência técnica de suma importância, mas na Associação Mineira eu cresci como pessoa também. O contato com criadores, técnicos e pessoas de diversas culturas e formas de trabalhar me fez exercitar a relação profissional e pessoal com todos. As visitas técnicas e a participação nos eventos são únicas e isso nos torna mais conhecido, o que propicia um mundo de oportunidades.
Por todos os lugares que trabalhei aprendi que é fundamental na vida ser honesto, simples, inovador, sempre conectado com as pessoas, mercado e atento às tendências.
UMA GRANDE ESCOLA…
Aprendi muito com o Cleocy Fam, que era Superintendente Técnico nessa época. A Associação Mineira propicia a você conhecer muita gente e com isso geram-se oportunidades de trocas de experiência com ótimos profissionais como jurados de exposições, criadores, técnicos de propriedades e empresas. O contato com as situações do dia a dia me deu uma base muito grande para aprender ainda mais. O curso de Classificação Linear para Tipo foi onde aprendi muito sobre morfologia dos animais.
Eu também fui convidado a ministrar aulas de bovinocultura na faculdade. Um ano e meio no meio acadêmico. Isso deixa claro o mundo de oportunidades que a Associação Mineira apresenta aos que aqui estão. Foi muito apertado na época, mas foi uma experiência gratificante voltar ao meio acadêmico como professor.
A Associação Mineira é uma grande escola. Gosto de lembrar que a minha passagem pela entidade me abria portas sempre que eu chegava a qualquer lugar.
PORQUE SAIU?
O ritmo de trabalho na época comprometia muito todo o meu tempo e eu precisava ter mais tempo para mim e para minha família e daí surgiu um convite muito interessante e eu resolvi aceitar.
Aproveitei a oportunidade também para ter novas experiências e visões do mercado.
O ANTES E O HOJE
A Associação Mineira evolui muito. A primeira coisa que me marcou muito foi como a entidade acompanhou a evolução tecnológica. No minha primeira passagem todo o trabalho era analógico, fotos de registros tinham que ser reveladas, muitos dados eram trabalhados em pranchetas manualmente para depois serem digitados e inseridos no sistema. Hoje, muita coisa já acontece online e em tempo real. E a segunda coisa que me chamou a atenção também foi a saúde financeira que melhorou muito. Não pude deixar de notar a evolução de associados que investiram de forma correta nos serviços da entidade. Hoje sou testemunha de como nossos serviços contribuíram e contribuem para o crescimento da propriedade.
DEVER DE CASA BEM FEITO
O criador quando procura a Associação Mineira ele quer agregar ao seu rebanho e enxerga nos nossos serviços algo que possa ser benéfico. Ele já reconhece que somos uma peça que quando somada a sua engrenagem oferece serviços e apoio, principalmente na parte de genética, nutrição e ambiência com qualidade reconhecida pelo mercado. Isso reflete e muito na valorização do seu plantel. Hoje se associar é visto mais como investimento e não somente custo. Quando nossos dados são utilizados de forma correta o benefício é claro e com isso ele ganha mais, o que faz cobrir além dos custos. É importante lembrar que a propriedade precisa ter também profissionais qualificados para poder transformar os dados em informações com qualidade. Se o criador fizer o seu dever de casa bem feito, os serviços da associação trarão retorno sim para a fazenda. Isso é um investimento!
GESTÃO DE PESSOAS
Em minha opinião, a premissa para lidar bem com pessoas começa com a humildade, saber ouvir, falar e agir como eu gostaria que as pessoas agissem comigo. Isso gera um clima em que se pode sentar e conversar com tranquilidade e segurança para resolver qualquer problema. Um grande amigo sempre me dizia: “tudo que puder ser feito a quatro, seis mãos fica muito mais fácil, mas é preciso que todos ouçam, cedam e se loque às vezes no lugar do outro”, Willian Tabchoury. É importante sempre agir de cabeça fria, contar até mil ou mais, se for necessário, para esfriar a cabeça e poder resolver os problemas da melhor maneira possível.
CONHECIMENTO É FUNDAMENTAL
Nesse anos, vivenciei duas formas de trabalho bem interessantes. Pela Associação, o criador te espera para resolver um problema, muitas vezes juntos, ele anseia a sua visita e enxerga bem a parceria apesar de estar pagando por isso. Quando fora, existe sempre o sentimento de que estou lá como vendedor. Em ambos os casos é necessário ser profissional lembrando que pela proximidade que a relação com associados cria é preciso ficar atento para que as coisas não se misturem, mas em todos os momentos sempre foi fundamental o conhecimento técnico.
PRIORIDADES
O meu foco é a satisfação do associado com o serviço executado, podemos até não chegar a um acordo sobre valores, mas a excelência no atendimento é o meu foco hoje. Precisamos crescer, temos que estar cada vez mais no campo. Pretendo eliminar a parte de papel do Controle Leiteiro, implementar o controle eletrônico de dados, atender a todos cada vez mais com primazia e chegar aonde ainda não estamos. Vamos aprimorar a capacitação de todas as equipes tanto do campo quanto administrativa. Precisamos municiar todos com informação e treinamento de qualidade. É importante investir no ser humano, não apenas no profissional, mas também no pessoal. Qualquer empresa que deseja ser forte precisa ter uma relação forte com seus profissionais, gerar um ambiente feliz e harmônico entre as pessoas. Investir nesse patrimônio é investir em excelência!
O RETORNO
Parece que eu não saí. É gratificante sair de um lugar, voltar, achar ele melhor de quando eu deixei. É muito bom retornar e ser bem recebido por todos.
MAIOR MEDO
É uma mistura grande de sentimentos entre o profissional e pessoal. É magoar alguém, ser mal interpretado, às vezes temos que tomar certas atitudes que doem e machucam, mas faz parte. O meu maior medo é deixar alguém infeliz por magoar alguém por algo que fiz ou deixar de fazer, esse é o meu maior medo tanto Diretor, quanto do Chicão como pessoa.
ABRINDO PORTAS
Como representamos a raça Holandesa que é extremamente importante no Brasil e no mundo agente tem que conversar com todas as entidades que fazem parte do negócio, sejam elas pública ou privada. É sempre necessário o contato com todos.
DESAFIO
O principal desafio é não deixar a peteca cair…É aprimorar cada vez mais os serviços agregando tecnologia, mais qualificação aos profissionais de campo e administrativo, com uma equipe motivada e associados cada vez mais satisfeitos com a entidade.