COMO TER ÊXITO NA QUALIDADE DO LEITE?

As exigências do mercado vêm mudando por isso é importante observar todos os processos realizados na fazenda

O produtor de leite tem que a cada dia se profissionalizar mais ainda e todos os processos desenvolvidos na fazenda são importantíssimos no negócio.

Os serviços prestados pela Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais geraram dados fidedignos aos compradores seja de leite ou genética. Por meio do Controle Leiteiro, Classificação Linear para Tipo, Registro Genealógico o associado tem informações importantes para saber como está o desenvolvimento do rebanho, a saúde e a qualidade do leite e dos seus animais. O criador, por exemplo, pode até realizar o controle leiteiro por conta própria, mas somente um profissional passa segurança nas informações, pois trabalha segundo exigências estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Abaixo pontuamos pontos a serem observados no dia a dia da fazenda. E lembre-se que a Associação Mineira pode ajudar muito no seu negócio!!!


PROJETOS

Os projetos de qualidade desenvolvidos pelos laticínios mais conhecidos e direcionados a qualidade do leite são aqueles inseridos no Programa Mais Leite Saudável – PMLS e no Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite – PQFL.

 O PMLS visa beneficiar os produtores de leite por meio de trabalhos desenvolvidos pelas agroindústrias, laticínios e cooperativas que recebem benefício fiscal, sendo o retorno de 50% dos créditos presumidos de PIS/PASEP e COFINS.

Os projetos são aprovados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa para assim garantir que os produtores de leite estão sendo beneficiados e os projetos executados conforme prévia aprovação, seguindo os requisitos do programa.

Já o PQFL tem o intuito de descrever o trabalho que a empresa já exerce ou tem definido para aplicar a curto, médio ou a longo prazo em seus fornecedores de leite, trabalho este que deve abranger a qualidade e segurança do leite e as Boas Práticas Agropecuárias – BPA. O PQFL é um documento avaliado pelo Mapa, na sua descrição e execução, sendo item constante em auditorias.

O PMLS e o PQFL possuem modelos definidos e específicos, sendo a descrição do projeto do PMLS para habilitação de maneira online por meio do Portal de Serviços do Governo Federal. Já o modelo do PQFL é encontrado no site do Mapa.

Diante disso, não vamos abordar os modelos de descrição dos projetos, mas sim pontos para obter êxito no desenvolvimento e execução, considerando quatro principais: Planejamento, Pessoas, Organização e Transparência.


PLANEJAMENTO

No planejamento ocorre inicialmente a coleta dos dados ou “Diagnóstico”, como denominado muitas vezes. Ele é utilizado para conhecer a realidade dos fornecedores de leite, seja quanto à qualidade do leite, nível tecnológico e processos/manejo. Para isso, são levantados principalmente os pontos de melhoria, mas também são pontuados os positivos. 

Diante dos desafios levantados no diagnóstico é definido o objetivo do projeto, ou seja, qual ponto será abordado para melhoria de um grupo de produtores que possuem desafios em comum. Com o objetivo definido, se estipula a meta, os prazos e a metodologia do trabalho. Quanto mais planejado e estruturado os métodos de trabalho, mais próximo chegará à execução do que foi descrito e aprovado pelo MAPA.

Quanto à definição da meta abro um parêntese  para elas serem coerentes, não sendo “tímidas” no sentido de não confiar no trabalho que será executado ou “ambiciosas” que considerando o prazo proposto não possam ser alcançadas.


PESSOAS

São os profissionais (pessoas) que vão planejar, executar e organizar os projetos que serão implantados junto aos produtores (pessoas). Com toda certeza as pessoas são fundamentais do início ao fim, sendo uma engrenagem com peças perfeitamente unidas para alcançar o mesmo objetivo proposto.       

Deve-se conhecer os profissionais que irão atuar frente ao público-alvo, como a formação, experiências profissionais e perfil, para que o mesmo atue satisfatoriamente de forma técnica e pessoal com o fornecedor de leite. Além dos profissionais de campo, profissionais competentes que auxiliarão na gestão dos programas, conforme o item abaixo Organização, são indispensáveis.

Também é necessário que os produtores sejam selecionados conforme sua necessidade de melhoria, mas com comprometimento quanto aos objetivos traçados. É importante frisar que os produtores também possuem responsabilidades para atendimento das metas, por isso é fundamental que eles conhecem os programas nos quais estão inseridos.


ORGANIZAÇÃO

Na organização vamos citar a gestão e o arquivamento de documentos, mas esse tópico será abordado mais amplamente no próximo artigo, com foco nos indicadores de gerenciamento e ferramentas gerenciais.

Não há como comprovar que o programa está sendo executado conforme o projeto e atendendo os objetivos e metas sem o gerenciamento dos dados e organização documental. Para isso é necessário ferramentas simples e objetivas, mas eficientes. Planilhas e gráficos são amplamente usados como ferramentas de gestão, pois organizam os dados e facilitam a interpretação, possibilitando o acompanhamento da evolução dos indicadores gerenciais.

Os indicadores gerenciais são definidos para mensurar numericamente a evolução do programa e será baseado no objetivo e metodologia. Um dos indicadores de gerenciamento é a própria meta, exemplo simples é a diminuição de Contagem de Células Somáticas aos padrões legais — 500 mil cs/mL (meta) para melhorar a sanidade do rebanho (objetivo), sendo o indicador gerencial a média mensal de CCS do grupo trabalhado.

Outros indicadores que devem ser monitorados dentro dos programas são: quantidades de visitas de assistência técnica, quantidade de materiais e produtos fornecidos, cursos realizados etc.

Direcionado ao PMLS, é obrigatória a gestão financeira para comprovação do atendimento de investimento mínimo de 5% do valor restituído dos créditos presumidos de PIS/PASEP e COFINS.

Na execução dos programas há produção de muitos documentos de comprovação, como relatórios de visitas; registros de fornecimentos de materiais e produtos; notas fiscais e laudos de análises, que devem ser arquivados de forma organizada e auditáveis, comprovando o que está sendo gerenciado de forma digital.


TRANSPARÊNCIA

Esse tópico tem o intuito de demonstrar que a melhor forma de trabalho é com transparência dos dados, das não conformidades, sempre agindo de boa-fé na apresentação dos resultados dos programas.

Como ocorreu durante a pandemia, há situações que não podemos controlar e dificultam (mesmo com planejamento, com profissionais e produtores trabalhando com o mesmo propósito e com organização) a execução física e financeira dos projetos, refletindo no não atendimento das metas e objetivos.

Nesses casos, a melhor forma de agir é apresentando de forma documental os fatos ocorridos e planejar e organizar as alterações dos programas. Sendo essencial o registro das não conformidades ocorridas e o motivo, bem como as ações tomadas para adequação e a comprovação das ações.

Dentro do PMLS é possível realizar alterações do projeto com prévia aprovação do MAPA, por meio de requerimento enviado ao fiscal responsável. Já no PQFL pode ser realizada a revisão do plano e assim manter o que está descrito no documento com as alterações que precisam ser executadas.


CONSIDERAÇÃO FINAL

Os programas de qualidade do leite têm beneficiado vários elos da cadeia produtiva e fazê-los com excelência torna-se uma obrigação ao mesmo tempo que traz um sentimento de satisfação pelos resultados alcançados.

Fonte: MilkPoint/Marilde Canton Brandielli