A inclusão da casca de amêndoa na dieta dos animais pode ajudar a otimizar a produção de leite
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, EUA, descobriram que a utilização de casca de amêndoas na nutrição de vacas leiteiras em lactação é interessante para a produção de leite. Eles demonstraram que a casca de amêndoas fornecida em quantidades variáveis (até 20% da dieta) pode suportar altos níveis de produção.
A casca, um subproduto do processo de colheita da amêndoa, representa cerca de 50% do peso total da amêndoa antes do processamento. O subproduto é rico em açúcares e FDN (fibra em detergente neutro), mas têm baixo teor de proteína. Muito da FDN das cascas pode ser degradado por microrganismos do rúmen, pois contém baixo teor de lignina.
Além do FDN, a casca da amêndoa fornece aos ruminantes uma excelente fonte de carboidratos altamente fermentáveis na forma de sacarose, frutose, glicose, inositol e sorbitol. Isto faz da casca da amêndoa um bom (e relativamente barato) substituto para ingredientes concentrados como o milho. Além disso, a casca da amêndoa pode ser facilmente seca durante o processo de colheita, tornando-a um ingrediente fácil de armazenar nas fazendas.
INCLUSÃO DE CASCAS DE AMÊNDOA NA DIETA
O potencial da alimentação com quantidades variáveis de casca de amêndoa para vacas em lactação foi investigado em um experimento com 12 vacas Holandesas, 4 primíparas e 8 multíparas. Os tratamentos dietéticos foram 4 rações totais misturadas (TMR) contendo 0, 7, 13 ou 20% de casca de amêndoa.
O objetivo deste estudo foi determinar se a casca de amêndoas pode ser fornecida em quantidades variáveis como substituição para milho e soja na dieta de vacas em lactação, suportando o desempenho produtivo e a digestibilidade; além de observar se ocorrem alterações na produção de acordo com a oferta de diferentes níveis de casca de amêndoa substituindo os alimentos concentrados.
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE
No estudo, a casca da amêndoa substituiu o concentrado e não a forragem. Os pesquisadores descobriram que o rendimento de sólidos totais, incluindo lactose e gordura, não foi diferente entre as dietas sem casca de amêndoas e com casca de amêndoas, mas a porcentagem de gordura aumentou linearmente com a inclusão do subproduto.
O aumento do teor de gordura no leite foi atribuído aos carboidratos facilmente fermentáveis, como a pectina, que pode aumentar a produção de acetato e butirato. O maior percentual de gordura foi observado com o maior nível de inclusão de amêndoas (nível de 20%). No geral, todos os níveis de inclusão mantiveram o alto desempenho dos animais, pois não houve diferenças significativas na maioria dos componentes medidos.
Tabela 1 – Rendimento (kg/d) e composição (%) do leite de vacas que consumiram ração total misturada (TMR) contendo quantidades variáveis de casca de amêndoa.
DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES
A equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia constatou que a digestibilidade aparente de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), fibra de detergente ácido (FDA) e proteína bruta aumenta com o aumento da quantidade de casca de amêndoa na dieta.
As digestibilidades aparentes da MS e MO variaram de 69 a 76%. O aumento da digestibilidade foi atribuído ao conteúdo de NFC (carboidrato não estrutural), que é altamente fermentável por microrganismos ruminais — o aumento da disponibilidade de substrato contribui para o crescimento microbiano, aumentando a fermentação que, por sua vez, pode potencialmente aumentar a digestibilidade da fibra.
“No geral, o alto teor de açúcar e o grande tamanho da partícula das cascas de amêndoa podem ter resultado em maior digestibilidade de matéria seca e FDA, juntamente com um aumento na porcentagem de gordura do leite, da ruminação e do tempo de alimentação, observados nas vacas neste estudo”, disseram os pesquisadores.
VARIAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DE NUTRIENTES
De acordo com os pesquisadores, as descobertas deste estudo indicam que a casca da amêndoa pode ser fornecida como um suplemento concentrado de até 20% da dieta para ajudar a melhorar o percentual de gordura do leite e a digestibilidade da MS, embora a proteína do leite possa diminuir.
“Para ser mais específico, incluir casca de amêndoa em 7% da dieta pode ajudar a otimizar a produção de leite, e as concentrações de proteína e gordura”, disseram eles. Eles também alertaram que as respostas à nutrição com grandes quantidades de cascas de amêndoas podem diferir na prática, porque a qualidade da composição das cascas de amêndoas pode variar muito e as digestibilidades dos componentes podem diferir de acordo com o tipo de forrageira utilizada na dieta.
Os pesquisadores acrescentaram que, quando os ingredientes concentrados tradicionais (por exemplo, milho em flocos) ficam caros, o fornecimento de maiores quantidades de casca de amêndoas pode ser considerado pelos produtores, visando a economia. Além disso, o estudo pode fornecer orientação para produtores e nutricionistas sobre como os diferentes níveis de cascas de amêndoas afetam o desempenho da produção para vacas em lactação.
As informações são do Dairy Global, traduzidas pela Equipe MilkPoint.