Marcio Gregório Rojas dos Santos
Doutorando em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá, membro do Grupo de Inteligência em Sistemas de Produção Animal e Ambiental (GISPA). Pedro Gustavo Loesia Lima, Mestrando em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Membro do Grupo de Inteligência em Sistemas de Produção Animal e Ambiental (GISPA). Ferenc Istvan Bánkuti, pesquisa e ensino. Julio Cesar Damasceno, pesquisa e ensino
A produção de leite é de suma importância dentro do agronegócio brasileiro. Além de fazer parte da alimentação humana, gera renda de forma direta ou indireta. Os sistemas de produção de leite estão presentes em todo território nacional, possuindo desde a ordenha manual, até a mais tecnificada, possibilitando aumento da produção e melhoria na qualidade de obtenção do leite.
A representação que o leite tem hoje em dia, só foi possível em decorrência da pressão exercida pelo ambiente institucional, com a criação de leis para regulamentar, principalmente, questões relativas ao armazenamento e controle de qualidade do leite, visando garantir a melhoria do produto final. Este fato gerou mudanças na competitividade do setor agroindustrial do leite. Os produtores que tinham poder aquisitivo para se adequar às leis, o fizeram, e os que não tiveram, abandonaram o setor ou continuaram sua produção em pequena escala, caracterizando assim a atual estrutura produtiva, em que muitos produzem pouco e poucos produzem muito.
Apesar de serem forçados pelo ambiente institucional, os sistemas de produção de leite devem ter a capacidade de se adaptar, evoluir e garantir a qualidade de vida no campo. É notável que as pequenas propriedades rurais detêm a maior parte da produção de leite, e como estratégia para evitar o êxodo rural, os produtores tem se adequado e diversificado a pecuária leiteira com a introdução da fruticultura, conseguindo bons resultados econômicos e permanência das famílias na zona rural.
A preocupação dos produtores com relação ao tempo disponível para o convívio familiar, ou para outras atividades, são pouco associadas às transformações que ocorrem no sistema de produção, levando ao aumento de trabalho e consequente diminuição do tempo livre. A diversidade climática e vasta extensão territorial do Brasil, aliados à existência de tecnologias, são ferramentas que garantem a produção de frutas praticamente o ano inteiro. Tal prática é uma atividade que precisa de mão de obra qualificada e intensiva, tendo assim a capacidade de fixar o homem no campo, permitindo melhores condições de vida, mesmo em pequena área disponível.
A fruticultura, assim como o sistema de produção de leite, também possui abertura de empregos diretos e representação de mão de obra agrícola. Observando esta realidade da fruticultura, o pequeno produtor de leite tem uma ótima oportunidade de incrementar sua renda. Desta forma, centraliza-se a produção de frutas (principalmente em pequenas propriedades onde a maioria delas a mão de obra é familiar) havendo necessidade de contratação de trabalhadores em época de colheita, tornando a atividade uma grande geradora de renda e desenvolvimento rural.
Trabalhando de forma agregada, com as atividades pecuárias e agrícolas, é inevitável que o produtor não se destaque mais em uma do que na outra, mesmo estando as duas na mesma propriedade. Porém, é de conhecimento que o retorno financeiro do leite é mensal, garantindo a renda da família durante todos os meses do ano, e a fruticultura tem produção sazonal, devendo ser escolhida sob o fator de viabilidade econômica, que seja satisfatória em pequenas áreas de terra e que garanta o aumento da economia.
Um quesito avaliado por Sagalli e Schlindwein é que a diversificação da propriedade é característica da agricultura familiar. Ela proporciona redução de riscos, menor dependência de insumos externos, favorecendo o produtor ao empreendedorismo e trabalho, com capacidade para realizar a parte gerencial da fazenda (empresa), juntamente com seus familiares.
Diante destes fatos, a exploração de frutíferas pode ser tomada como uma estratégia para incrementar o sistema de produção de leite, fortalecendo a economia da propriedade, auxiliando na melhoria da qualificação da mão de obra, e possibilitando a melhor organização do trabalho. Como ponto chave, a mobilização dos produtores para ampliação de mecanismos de beneficiamento e escoamento da produção se faz necessário para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento local.
Fonte: Milkpoint