A CHAVE PARA O SUCESSO

O Engenheiro Civil Ivan Ribeiro Pereira e o Médico Veterinário Dr. Aryel Tomba Pereira, pai e filho unem experiências e trabalham de forma técnica, metodológica e com base na ciência

Muitos perguntam como alcançar o sucesso na pecuária de leite, e a família Pereira mostra que a união de experiências e conhecimentos em áreas diversas pode fazer a diferença. O pai – Engenheiro Civil e o filho – Médico Veterinário estão constantemente crescendo no negócio do leite. A coluna ASSOCIADO EM PAUTA traz um pouquinho da história dos associados Ivan Ribeiro Pereira & Aryel Tomba Pereira, da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada em Cordislândia – MG.

O nosso bate papo é com o filho, o Dr. Aryel Tomba Pereira, Médico Veterinário formado na Unesp-Jaboticabal com especialização em Nutrição de vacas leiteiras pela Ohio Staty Univertisy-Columbus. Ele ressalta que um grande desafio para as fazendas produtoras de leite de uma maneira geral é o crescimento e acredita que somente sendo sustentável socialmente, ambientalmente e economicamente será possível sobreviver como empresa e prosperar.

A sucessão familiar não para por aí, o pequeno Francisco, filho de Aryel está sempre com o avô e seu pai passeando pela fazenda!!

A sucessão familiar não para por aí, o pequeno Francisco, filho de Aryel está sempre com o avô passeando pela fazenda

O INÍCIO E A EVOLUÇÃO

ARYEL TOMBA PEREIRA: Quando criança meu pai, Sr. Ivan Ribeiro participava intensivamente da produção de leite a pasto do meu avô, Sr. João Ribeiro Pereira. Na adolescência meu pai foi estudar Engenharia Civil e deixou a atividade de produtor de leite, porém sempre manteve a ideia de um dia voltar a produzir leite sustentavelmente visando uma atividade que abrangesse três pilares (economicamente, socialmente e ambientalmente).  Esta ideia voltou à tona quando eu decidi estudar medicina veterinária.  Neste momento começava a nascer um projeto de sustentabilidade da pecuária leiteira.

No começo nossa criação era semi-intensiva a pasto contava com um pequeno rebanho de gado Girolando e Jersolando. Mas nosso anseio por melhorias e progresso nos levou para o Holandês. Na raça Holandesa encontramos tudo o que se espera de um animal sustentável e produtivo, principalmente na pecuária moderna, altamente tecnificada e intensiva.

Primeiramente tínhamos uma estrutura de produção semi-intensiva com piquetes rotacionados de capim Mombaça e ordenha balde ao pé. Na época começamos com aproximadamente 30 vacas. Hoje contamos com uma ordenha paralela de 16 postos (2×8), e dois Free Stalls que alojam nossas 320 vacas em lactação. Nossas bezerras são alojadas em casinhas individuais até os 30 dias de vida, depois vão para baias coletivas até serem desmamadas com aproximadamente 70 dias. Posteriormente nossas novilhas são alojadas em piquetes semi-intensivos a pasto. Dos 21 aos 30 dias do parto os animais vão para nosso Free Stall maternidade. Atualmente nossa recria ainda conta com um número maior de animais (50 a 55% do rebanho total), pois estamos em crescimento, mas um rebanho bem estruturado com recria por volta de 45 a 50% do rebanho total é de fundamental importância para o sucesso da fazenda, pois ajuda a equilibrar os custos. Digo isto, pois um grande desafio para as fazendas produtoras de leite de uma maneira geral é o crescimento. Tem que ser planejado, temos que saber em números concretos, quantos animais iremos ordenhar e quantas novilhas teremos, pois os investimentos em estruturação da fazenda são muitos onerosos e se não houver planejamento, logo um barracão, bezerreiro ou ordenha não suportará o número de animais, e ai está o vilão da perda de produtividade/eficiência!!!.

98% dos nossos animais são Holandês, porém ainda há 2% de animais que possuem sangue das nossas primeiras vacas Girolandas e Jersolandas.  Nosso objetivo é atingir 100% de nosso rebanho leiteiro em gado Holandês PO.


SUSTENTABILIDADE

Em relação à sustentabilidade, podemos dividir nossas ações nos três grandes pilares:

SOCIAL: A fazenda procura sempre gerar e cultivar valores na sociedade local, gerando empregos, desenvolvendo pessoas, tornando-se parceiras de empresas e servidores locais, além do que a fazenda ajuda diversas instituições de caridade na cidade.

AMBIENTAL: Procuramos sempre seguir as normas de produção pecuária e agrícola, com o manejo integrado de pragas; uso racional de medicamentos, defensivos e fertilizantes (substituição parcial dos químicos por biológicos); acabamos de concluir o sistema de separação de areia e dejetos, com a instalação de um biodigestor e geração de energia “limpa”.

ECONOMICAMENTE: Procuramos fornecer para nossos clientes produtos de excelente qualidade com valor agregado, seja o leite como animais/genética; valorizamos o relacionamento e a satisfação de nossos colaboradores e clientes; em um futuro próximo a verticalização e a diversificação de produtos.


FORMAÇÃO

Acredito que minha formação, bem como a do meu pai que é de engenheiro, administrador e empresário contribui muito para o sucesso do negócio na pecuária, pois sempre trabalhamos de forma técnica, metodológica e com bases na ciência. Acredito que um dos maiores desafios como médico veterinário na fazenda é o complexo parasitário bovino (Tristeza bovina). Por isso já decidimos confinar 100% dos animais de recria em Compost Barns de modo a aumentar o conformo e consequentemente a imunidade dos animais. Animais pós-desmama terá acesso estratégico ao pasto.

O associado Aryel com o filho Francisco

NÃO PERCA DINHEIRO

Para não perder dinheiro, todo criador deve focar em não perder animal algum!!! Descarte, mas não deixe morrer. Proporcionar conforto para os animais e trabalhar com melhoramento genético animal e vegetal (forragem).  Em outras palavras é focar no tripé: MANEJO, NUTRIÇÃO E GENÉTICA.


MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Para enfrentar as mudanças climáticas devemos focar na ambiência/conforto dos animais; uso estratégico de técnicas agrícolas de modo a mitigar efeitos climáticos nas lavouras; uso estratégico de subprodutos na dieta dos animais (menor dependência de forragens).

Se tratando de uma atividade totalmente complexa, intensiva, exigente e que está à mercê do clima (incontrolável), acredito que os detalhes essenciais para evoluir são (com bases pessoais e em ordem de importância): fé; ciência; desenvolvimento pessoal e gestão proficional.

“- Acredite, confie e aja em Deus; desenvolva-se pessoalmente, busque ser uma pessoa melhor para si mesmo que terás sucesso na gestão dos colaboradores; use a ciência para ser eficiente!!! E tenha gestão e controle de todos os processos produtivos.”


FAMILIA

Meu pai cresceu no meio rural, porém se formou em engenharia civil, e hoje tem uma empresa de construção civil. Ele é atuante na fazenda, sendo o presidente da empresa. Ou seja, todas as decisões macro e investimentos bem como o relacionamento externo na fazenda passam por ele. Ele também é o responsável pelo controle financeiro da fazenda. Eu sou o diretor operacional que juntamente com 2 gerentes em áreas distintas (membros da família) dirigimos e gerenciamos a produção da fazenda.


ECOMONIA

Sim, eu vivo do leite, e acreditamos que é totalmente possível ser sustentável na atividade.

Nosso objetivo é ser referência na busca pela excelência no setor agropecuário buscando sempre a sustentabilidade. Pois acreditamos que somente sendo sustentável socialmente, ambientalmente e economicamente será possível sobreviver como empresa e prosperar.

Buscamos e investimos para produzir e fornecer genética de ponta para outros criadores; além disso, temos na fazenda a produção de gado de corte e produção de café.


ASSOCIANDO

Atualmente realizamos através da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerias os serviços de Controle Leiteiro, Classificação Linear dos animais e Registros Genealógicos, além é claro de todo o suporte dos técnicos da entidade.

Após filiarmos notei que ganhamos mais credibilidade, confiança e campo de atuação no mercado de genética. Escolhemos associarmos para fortalecer nossa credibilidade e validação no nosso trabalho e isso é de fundamental importância para o sucesso competitivo da empresa.


O AMANHÃ

Acredito que devido a tantas instabilidades temos que ter cautela, e reavaliar os projetos e até mesmo reprojetar alguns pontos. No meu ponto de vista, na cadeia produtiva do leite, somos um dos mais fracos se não formos o mais fraco, então fortalecer o elo do produtor é fundamental para superarmos crises.

Em médio prazo a fazenda planeja continuar o projeto de execução das melhorias de estruturas produtivas para atingirmos 500 a 550 vacas em lactação, com 45 a 50% recria sobre o rebanho total e também visando à venda de genética superior. Já em longo prazo acredito que a verticalização dos produtos seja a chave para o sucesso.

Posso dizer que os momentos mais gratificantes da atividade pecuária leiteira é poder integrar os membros da família, ver e desenvolver os filhos bem como os colaboradores em um “lugar/atividade” que todos se desenvolvem em amplos aspectos (humano e econômico), além do que podermos viver e trabalhar em harmonia com todos e em especial com a natureza.