Sempre com um sorriso no rosto, Rita transforma as dificuldades do dia a dia em oportunidades
Maio, mês das mães, mês de homenagear aquelas que estão dia a dia empenhadas no crescimento da família. Presentes em todas as idades e em todos os momentos, tristes ou alegres, caminham firmes, dando um charme especial aos lares, as fazendas, aos eventos, as exposições, aos encontros e desencontros da vida.
Em homenagem a elas, a nossa redação traz a história de uma associada, uma mãe especial, que teve duas gestações de gêmeos e revela aos nossos leitores uma família apaixonada pelo campo. A entrevistada do mês é a associada, Rita Martins Lohmann, proprietária da Fazenda Irai dos Buritis, em Buritis – MG. A fazenda possui 969 ha, com um free stall para 300 animais e atualmente tem 449 animais Holandesas registradas, com produção média de 8 mil litros de leite por dia.
Sua história na raça Holandesa começou com a aquisição de dois animais e daí para frente não parou mais. Vinda de família de pecuaristas, ela é casada com Márcio André, gaúcho, que já está em Minas Gerais há mais de 38 anos e possui grande conhecimento em agricultura. Um casamento perfeito!
Empreendedora e apaixonada por desafios, ela conta suas experiências e visões sobre economia, política, mercado, sustentabilidade, entre outros importantes assuntos que estão diariamente envolvendo a produção. As equipes do JORNAL HOLANDÊS e da Associação Mineira aproveitam para parabenizar todas as mães que abrilhantam com um simples sorriso a raça Holandesa!
Rita entre os filhos Guilherme e Fernando e no com a sua filha Luciana
JORNAL HOLANDÊS: Como tudo começou no gado Holandês?
RITA MARTINS LOHMANN: Realizando um antigo sonho, que acredito que seja de todo pecuarista, que é ter um gado de excelente genética; comecei com duas vacas Holandesas apenas para consumo próprio e fui tomando gosto pela pecuária leiteira.
JH: Qual o objetivo da sua propriedade?
RL: Crescer, obter produtividade, qualidade e lucratividade no menor período possível, além de ser incentivadora e modelo para a minha região.
JH: Como você atua na fazenda?
RL: Atuo na parte financeira, mas sempre de olho na produção. Compro, vendo, negocio, corro atrás de peças e equipamentos (quando não as encontro na minha cidade) e estou sempre acompanhando a produção diária. Trabalho em parceria com o meu marido: eu administro fora da fazenda e ele fica responsável pela parte interna da propriedade.
JH: A família Lohmann vive do leite?
RL: Vivemos do agronegócio. A agricultura e a pecuária andam juntas dando sustentabilidade uma para a outra.
JH: Como é a sua região com relação à produção de leite?
RL: Moro numa região que é um enorme desafio a pecuária leiteira. A cidade é longe de tudo, ninguém acredita na capacidade de se criar e produzir leite por aqui, a logística é difícil e as pessoas qualificadas vão para o Distrito Federal. Com altitude de 936 m, Buritis está perto de Unaí, a economia é voltada para agricultura e pecuária, sendo o quarto maior produtor de grãos do estado de Minas Gerais. Apesar de todas as dificuldades surgiu a oportunidade de adquirir algumas terras, a região estava em desenvolvimento e com ótimos preços.
JH: Maio é o mês das mães, posso dizer que você é abençoada duas vezes? Me conte melhor essa história.
RL: Fui abençoada por duas gestações gemelares. A primeira houve a morte de um dos bebes (dentro do útero) e nasceu o Fernando e na segunda nasceram a Luciana e o Guilherme.
A Luciana cursa o 2º período de Medicina, mas sempre que pode está na fazenda nos ajudando no que for preciso (desde a ordenha até na colheita), o Fernando está mais focado na agricultura e o Guilherme é o meu braço direito na pecuária.
Sinto muito orgulho dos meus filhos, pois sei o como é difícil a sucessão familiar.
Hoje vejo o descaso dos jovens quando se fala da área rural, pois estão cada vez mais focados e interessados com a vida da cidade.
Sou uma mãe abençoada e agradecida a Deus, pela linda família que tenho, pelos meus filhos que são braço direito, sempre lutando e acreditando em um mundo melhor!
JH: Como você vê a presença da mulher na raça Holandesa?
RL: A presença da mulher na pecuária Holandesa vem crescendo muito a cada dia. Ainda somos poucas, mas contamos com a disciplina, a organização, a determinação, a seriedade, a serenidade, a persistência e o sorriso no rosto, para transformar as dificuldades do dia a dia em oportunidades.
JH: Como os seus filhos se envolvem na produção?
RL: O envolvimento dos meus filhos na produção é de 100%.
Eles têm estilo de liderança o que atrai e retêm bons funcionários, fazendo com que os procedimentos operacionais sejam mais bem executados, sempre, garantindo menos mastite e melhor produção. Eles estão muito interessados e comprometidos com a sucessão familiar e amam o que fazem.
JH: Paixão e negócio podem caminhar juntos?
RL: A paixão e o negócio são os maiores parceiros de caminhada e sucesso em qualquer empreendimento, pois quem quer realizar os seus sonhos sabe muito bem que a crise e a oportunidade também caminham juntas. Se não houver paixão pelo que se faz, não há negócio que persista nem na oportunidade e muito menos na crise.
JH: Quais as maiores dificuldades na produção do leite?
RL: As dificuldades são inúmeras, desde o descaso do governo com o pecuarista, a dificuldade de mão de obra especializada e competente, o déficit no valor de venda da produção, o alto custo dos produtos para a manutenção e sobrevivência do negocio, dentre outras.
JH: Como superá-las?
RL: Buscando novas tecnologias, informações e implantando-as.
Lembrar que as ações consideradas simples, focadas em utilizar corretamente as informações, organizar o fluxo de trabalho, resolver problemas de forma definitiva e engajar as pessoas, é possível minimizar as dificuldades do negócio do leite. Além disso, é importante saber negociar na hora da compra de produtos com as firmas parceiras e na venda de leite. Hoje conto com grandes parceiros, amigos e profissionais, dentre eles a Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais, o criador Reinaldo Figueiredo e o Dr. Cláudio Olímpio.
JH: Quais ações de sustentabilidade você desenvolve na fazenda e como elas podem ser lucrativas?
RL: Todo o dejeto produzido no free stall é processado; o liquido é utilizado no biodigestor, gerando 70% da energia utilizada no leite e depois do biodigestor este liquido é utilizado para fazer a fertirrigação através dos pivôs, onde obtemos excelentes resultados na produtividade de grãos. Já o dejeto seco, utilizamos para fazer a cama para os animais, o nosso sistema flushing é reaproveitamento da água de dejetos.
JH: Quando se tornou associada da ACGHMG?
RL: Sou associada desde 2016, quando comprei um gado Holandês que era registrado, fiquei sabendo da Associação Mineira e em complemento ao sonho de ter o gado registrado demos continuidade nos registros após essa compra.
JH: Qual a importância da Associação Mineira para a sua fazenda?
RL: Por ser uma entidade de grande renome nacional, pela qualificação, registro do gado e pelo suporte nos oferecido quando necessário.
RADAR
POLÍTICA
Precisamos de preço justo, estradas melhores, incentivos e financiamentos.
ECONOMIA
Com a crise na economia, o que ocasionou essa queda no consumo foi principalmente a falta de renda da população, o desemprego e o medo de perder o emprego. Essa insegurança gera uma situação de mercado ruim. Se no primeiro momento atinge outros produtos, agora ela chega também aos alimentos. O consumidor está racionalizando melhor os gastos e comprando menos os produtos que não são tão essenciais.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO
A esperança do leite está na exportação, sem esperança do fim da importação por parte do governo, nós produtores desejamos que a importação seja transformada em exportação.
VIDA NO CAMPO
A vida no campo é muito árdua, mas com a paixão pelo que se faz e com as tecnologias de ponta, fica mais amena. É cada vez mais comum na cidade uma pessoa quando sente-se afrontada em um negócio dizer “assim você fará eu voltar pra roça”, referindo-se ao meio rural como o pior lugar para trabalhar, ignorando a possibilidade de ter uma renda líquida mais atraente e até uma melhor forma de se viver. O governo deveria ser o primeiro a incentivar e divulgar mais sobre a vida no campo, pois o futuro do país vem do campo. Se no campo tem…, do campo vem…
MÃO DE OBRA
Com os benefícios sociais e seguros oferecidos pelo governo, ficou mais difícil de encontrar pessoas dispostas a morar nas fazendas em especial com a atividade leiteira. É muito difícil encontrar mão de obra qualificada e especializada.
FAMÍLIA
É a base de tudo, é o começo, o meio e o fim. A família é um grande projeto de Deus, que a criou para ser unida, protegendo e fortalecendo cada membro. Amo muito minha família.