Segundo o Dr. Túlio Marins, filho do associado Antônio Augusto Marins, conhecido como Tonhão, o criador deve estar sempre atento aos indicadores zootécnicos e financeiros da fazenda para conseguir enfrentar melhor os momentos difíceis
O ASSOCIADO EM PAUTA traz a história da conhecida família Marins. A nossa conversa foi com o Médico Veterinário Dr. Túlio Marins, filho do associado Antônio Augusto Marins, conhecido carinhosamente por todos como Tonhão. Há mais de 30 anos criando Holandês, a Fazenda Morada do Sol localizada em Três Corações-MG é um nome respeitado e conhecido no mercado. Em conversa ele mostra que a família está unida realizando diversas funções. “Eu e o meu pai estamos à frente da pecuária, já o meu tio e o filho dele ficam na parte de agronomia”, comenta Dr. Túlio.
A família acredita na atividade e por isso possuem muitos planos de ampliação. Dr. Túlio comenta empolgado: “Pretendemos aumentar o rebanho e a estrutura da fazenda para crescer a produção nos próximos anos.”
Vamos juntos conhecer essa propriedade que atualmente possui 600 animais, sendo 250 em lactação e com 120 hectares destinados a alimentação do gado Holandês.
FAMÍLIA
JORNAL HOLANDÊS: Como começou a história da sua família no Holandês?
TÚLIO MARINS: Minha família produz leite desde 1975, iniciando a atividade em uma propriedade na cidade de São Gonçalo do Sapucaí, que anos depois, 1978, foi vendida e daí adquirimos essa propriedade onde permanecemos até hoje. O gado Holandês veio com a necessidade de profissionalização da atividade por volta do ano de 1990. Meu pai, Antônio Augusto Marins e meu tio Vicente A. Marins Junior, então focaram na melhoria das instalações e dos animais. Um free-stall na época foi construído, melhorias em tratadores e uma nova sala de leite além de muitos investimentos em animais através de compras, embriões e até mesmo uma importação de animais do Canadá.
JH: Como a família está envolvida no negócio?
TM: Hoje estão envolvidos na atividade diretamente com a pecuária o meu pai, Antônio Marins e eu. Meu tio Vicente e seu filho Matheus atuam indiretamente e são responsáveis pela parte agronômica.
JH: Quais as vantagens de trabalhar com parentes?
TM: Quando se trabalha em família temos divisão de funções e a confiança que aquela função destinada a cada um terá um olhar de “dono”.
JH: E quais as dificuldades?
TM: A dificuldade é a de separar o profissional do familiar, pois podemos estar em uma discussão ferrenha de manhã e a tarde sentados em uma confraternização familiar.
ESTRUTURA
Os animais em produção são alojados em um barracão de free-stall. Ordenhamos hoje em torno de 250 animais e a propriedade possui ao todo cerca de 600 animais. A fazenda possui 160 hectares onde em torno de 120 são plantados para alimento dos animais.
JH: Há uma dúvida muito grande sobre compost barn, free-stall, enfim quais foram os critérios para definir a melhor forma de criação?
TM: A estrutura de free-stall está há quase 30 anos na fazenda. Na época não existia ou não tínhamos conhecimento sobre compost barn. É uma longa discussão entre os dois sistemas, mas ainda acreditamos que dentro dos nossos projetos o free-stall ainda tem vantagens que o favorecem.
JH: Por que a fazenda é 100% gado Holandês?
TM: Nosso rebanho é 100% Holandês por acreditarmos que é a raça que mais produz e por isso com mais retorno.
JH: Qual o foco de vocês: genética e/ou produção?
TM: Nosso foco principal é produção, pois nosso principal produto é o leite. Genética é outro negócio que vem depois do leite. Acreditamos que qualquer propriedade que tenha animais de leite em produção tem que ter o negócio leite muito bem estruturado e organizado para dar certo. A venda de genética vem complementar bem o negócio.
JH: Alimentação correta é investimento ou gasto? Como é definida a nutrição dos animais?
TM: Com certeza a alimentação correta é um investimento, pois o retorno é garantido. Outros quesitos como reprodução são essenciais também para o sucesso da atividade. A nutrição aqui é definida de acordo com a produção dos animais. Temos 5 lotes onde a produção determina toda nutrição. O acompanhamento é feito com rotina e análises de alimentos, bem como análises do alimento fornecido aos animais também. Toda variação é ajustada para garantir máxima eficiência, ainda mais levando em conta que a alimentação é a maior fatia do nosso custo de produção.
NEGÓCIO
JH: Mão de obra é um problema para vocês?
TM: Mão de obra sempre é um setor de atenção. Sabemos das dificuldades que o setor passa neste quesito, porém acredito que não podemos reclamar da equipe. Temos uma boa equipe e investimos sempre em treiná-la, pois essa é a chave do sucesso de qualquer propriedade.
JH: Mesmo com lucros apertados é possível viver do leite?
TM: Leite produzido com alta tecnologia é bem interessante.
JH: O que os criadores devem estar atentos para enfrentar com eficiência as oscilações do mercado?
TM: Devem estar atentos aos indicadores zootécnicos e financeiros da fazenda. Isso dá força para passar momentos de crise.
JH: Quais os serviços que vocês utilizam da Associação Mineira e qual a importância deles para o seu negócio?
TM: Utilizamos todos os serviços da associação. Desde Controle Leiteiro onde oficializamos a produção dos nossos animais em um trabalho de ótima reputação que a associação realiza a Classificação Linear, onde podemos avaliar a evolução fenotípica dos nossos animais. Isso tudo formando um banco de dados importantíssimo que fica gravado no pedigree dos animais os valorizando.
JH: Como você vê a importância das exposições para o negócio?
TM: Já participamos muito de exposições. Hoje menos, pois estamos em um momento de estruturação da fazenda, mais ainda participamos pontualmente. As exposições sempre são importantes para divulgação da raça e da fazenda. Nela também fazemos contatos que posteriormente podem gerar negócios.
JH: O prêmio Melhores de Minas é importante para o seu negócio?
TM: O prêmio “Melhores de Minas” é um reconhecimento do trabalho. Já recebemos em várias categorias e fazemos questão de deixá-los expostos no escritório, pois sempre chama atenção dos visitantes da fazenda e uma boa impressão já é causada ao vê-los. Com certeza agrega na venda de animais e na reputação do rebanho.
FINALIZANDO
JH: Nesse momento de pandemia, o que mudou na rotina da fazenda?
TM: Nosso trabalho dentro da fazenda não mudou muito. Apenas as visitações que diminuíram bastante. Nossa preocupação sempre foi da fazenda para fora, no caso, o preço do leite que teve uma sinalização de baixa, mas acabou não se confirmando, chegando nas altas de preços que estamos vendo no momento.
JH: Planos para o futuro?
TM: Acreditamos na atividade e por isso os planos são de ampliações. Pretendemos aumentar o rebanho e a estrutura da fazenda para aumentar a produção nos próximos anos.