De pai para filho, assim é a história da família Sarmento que mesmo com temperamentos e experiências diferentes juntos estão sempre expandindo os negócios
Apaixonados pelo campo, a família Sarmento possui uma estrutura de trabalho bastante diversificada. Em meio a cavalos de salto, animais Holandeses, Girolando e cabras, a Fazenda Primavera, em Rio Novo – MG está cada vez mais ampliando os negócios. A nossa conversa foi com Rodrigo Sarmento, filho do associado Guilherme Corrêa de Moraes Sarmento. Presidente da Federação Hípica de Minas Gerais, Rodrigo acredita que não tem segredo ministrar tantas tarefas. “Adoro os animais e a vida no campo, não acho que tenha segredo, na realidade tem que gostar e trabalhar”.
Atualmente, Guilherme mora no exterior não impedindo de tomar decisões na fazenda junto ao filho. “Nós dois discutimos muito, não só pelo temperamento de cada um, mas também pelas suas próprias experiências. Aí não tem vencedor nem vencido e sim a decisão tomada passa a ser dos dois”, comenta Rodrigo. Ele está cada vez mais focado em aumentar a produtividade e diminuir os desperdícios. Vamos juntos acompanhar os mais de 30 anos como associado na construção de um negócio lucrativo feito com muito amor e trabalho duro!
JORNAL HOLANDÊS: Como a sua família começou no agronegócio?
RODRIGO SARMENTO: A minha família nunca havia pensado em ter uma fazenda. A ideia inicial que nos motivou a adquirir uma fazenda era para a área de reflorestamento, na região de Santos Dumont, mas esse projeto não se materializou e pelas andanças apareceu a atual propriedade, onde eu, com meu pai e meu irmão adquirimos e tomamos posse em 1º de outubro de 1980. O gado que existia era de um padrão muito ruim e logo de cara vendemos as 95 cabeças.
Como Guilherme estava e ainda está muito envolvido com cavalos de salto, já no dia 1º de janeiro de 1981 nasceu o primeiro potro na propriedade.
No 4º trimestre daquele ano foram adquiridas as primeiras novilhas e vacas Girolando ou mestiças na região do sul de Minas. Desde o início começamos com IA’s somente com sêmen Holandês.
A criação de cavalos de saltos foi aumentando e como também a criação de gado leiteiro. Gradativamente o plantel leiteiro foi crescendo e chegamos inclusive a embalar leite Tipo B na fazenda… Sempre com foco no Holandês, sendo o nosso plantel basicamente de vacas PC e PO.
Com a construção do aeroporto, a fazenda teve uma boa área desapropriada e meu pai resolveu praticamente acabar com os animais ficando só com 20 vacas para os funcionários e consumo da casa.
A criação dos cavalos de salto continuava a todo vapor e meu pai resolveu apostar de novo no leite, e passou a comprar alguns animais tanto Holandês como Girolando. O salto maior foi quando compramos animais da Poitara e aquisição de embriões com o Armando Menge, sendo a maior parte Holandesa, mas aproveitando também meio sangue de renomados touros Gir Leiteiro – Teatro Tabu e Eliel.
Alguns anos mais tarde compramos outra fazenda na região de Goianá e no inicio utilizamos as amplas várzeas com plantio e depois comercialização de arroz. Mas passados uns cinco anos começamos com gado de corte.
Com o falecimento do meu avô em 1989 e da minha avó em 1999, meu pai e meu tio resolveram separar as fazendas.
JH: Quais os principais objetivos da fazenda?
RS: A fazenda tem entre seus objetivos a criação de cavalos de esporte de alto nível; aumentar a produção de leite com uma genética de 1ª qualidade; aumentar a produção de leite de cabras; incrementar o setor de agricultura; profissionalização dos diversos setores da fazenda e auto sustentabilidade financeira.
JH: Quais são os outros negócios que desenvolve na propriedade?
RS: A criação de cavalos está na nossa alma. Meu pai começou montando e competindo, depois teve o meu irmão mais velho que competiu também durante muitos anos e eu que comecei a saltar com seis anos e continuo. Passei muito tempo competindo na Europa e o cavalo sempre foi a minha maior paixão. Hoje também sou presidente da Federação Hípica de Minas Gerais e tento doar para o esporte tudo que aprendi.
Na agricultura, a expansão e possibilidade de cultivar grande parte da nutrição dos animais fazem com que o trato fique mais favorável e menos dependente dos outros. Estamos tentando expandir os negócios nessa área com muito investimento em maquinário.
JH: Falando em leite, além do Holandês, também cria Girolando e cabras. Por que essa diversidade de raças leiteiras?
RS: No caso da Girolando é por estarmos numa região cuja maioria dos produtores de leite utiliza animais dessa raça, além também pela oportunidade de comércio. Cabras foi um projeto do meu irmão de 1990 que a implantação se deu em 2010 após nosso gerente trazer uma matriz que precisava para dar leite ao filho que era intolerante a lactose.
JH: Posso dizer que você aproveita 100% da propriedade gerando diversas formas de renda? Isso ajuda nas contas?
RS: Certamente, mas nos últimos quatro anos fizemos muitos investimentos na propriedade sendo que este ciclo de investimentos está terminando esse ano, dando mais tempo para melhorar os nossos controles e estudar outras possibilidades de negócios, principalmente focados no gado leiteiro, criação de cavalos de esporte e da agricultura.
JH: Como a propriedade se adequa com a diversidade das raças leiteiras?
RS: Desde o início trabalhamos com as duas raças juntas e elas se adaptam bem e o trato e atenção dado para os animais é o mesmo, assim como o conforto. Hoje com a genética avançada da raça Holandesa trouxe muitos benefícios também para a raça Girolando, e isso faz com que cada vez mais elas tenham a mesma exigência.
JH: O seu pai, Guilherme mesmo morando no exterior ele acompanha os negócios?
RS: Meu pai fica sempre “no meu pé”. Eu sei que não é fácil para ele ficar tão longe, mas ele recebe todas as informações e me auxilia no que preciso. Nós dois discutimos muito, não só pelo temperamento de cada um, mas também pelas suas próprias experiências. Mas no final acabamos por aceitar bem as decisões tomadas… Aí não tem vencedor nem vencido e sim a decisão tomada passa a ser dos dois. Ele fica mais responsável pelos acasalamentos do gado leiteiro e continua dando um suporte na parte financeira.
JH: Alguém mais da família ajuda na fazenda?
RS: Nas férias do meu filho Pedro, 19 anos, que estuda Engenharia Ambiental, eu sempre trago ele para a fazenda e coloco a par das tarefas, tento fazer com que ele ame a vida do campo como eu.
JH: Qual o segredo para conseguir ministrar tantas tarefas?
RS: Eu ainda sou jovem e com muita coragem para trabalhar, além disso, adoro os animais e a vida no campo, não acho que tenha segredo tem que gostar e trabalhar.
JH: A alimentação pesa bastante nas contas, como você lida com as oscilações do mercado?
RS: Aqui as coisas ficam um pouco mais complicadas porque estamos longe dos maiores centros produtores de alguns insumos, mas já há três anos que somos autossuficientes em milho e feno.
JH: Você acredita que a produção de leite é um negócio lucrativo?
RS: Nós achamos que sim, pode ser um negócio lucrativo, mas há a necessidade de volume de produção e temos que ficar em cima dos custos, pois a margem é pequena para erros. Aumentar a produtividade, diminuindo desperdícios.
JH: Quais as detalhes que o criador deve sempre estar atento?
RS: Como disse acima, aumentar a produtividade, diminuir desperdícios e dentro desses temas entram os demais como conforto, controle, reprodução, entre outros.
JH: Você acredita que há momento certo para investir?
RS: Qualquer momento pode ser certo para investir desde que o mercado comporte, mas acredito que a regularidade é o maior aliado do setor.
JH: Há quantos anos é Associado da Mineira?
RS: Já vão lá muitos anos… Acredito que mais de 30 anos.
JH: Quais são os serviços realizados pela Associação na sua propriedade?
RS: Realizamos os serviços de Controle Leiteiro e avaliação do plantel, a Classificação Linear par Tipo.
JH: Como utiliza os resultados do trabalho da ACGHMG em prol dos seus negócios?
RS: Eles são importantíssimos nas tomadas de decisões para planejamento zootécnico.
JH: Planos para o futuro?
RS: Continuar crescendo… Melhorando… Divulgando nossa criação… E continuar a trabalhar duro.