Segundo o associado Antônio de Pádua Martins ambos caminham juntos.
“Precisamos ser eficiente e eficaz na produtividade para diluição de custos”
A história da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais – ACGHMG sempre está atrelada a importantes nomes na criação do Holandês. O nosso ASSOCIADO EM PAUTA é Antônio de Pádua Martins que há mais de 25 anos faz parte da raça construindo e evoluindo com os novos tempos. Casado com Lucimar e dois filhos, ele sempre foi personalidade ativa como ombudsman do nosso jornal e prestigiando exposições e eventos do Holandês.
A Fazenda Luanda está localizada na cidade de São João Batista do Glória-MG. A região possui relevo montanhoso, marcado pela presença das serras da Canastra, com clima quente e chuvoso no verão e temperaturas amenas no inverno, Antônio sempre ressalta que todos os animais da fazenda são de criação própria.
Nesses muitos anos ele dirige a fazenda sempre com princípios embasados e objetivos sérios, reais e factíveis. Vamos juntos conhecer e aprender como superar os tempos e produzir um leite com muita qualidade.
O prêmio Melhores de Minas aumenta nossa motivação é essencial para mantermos ativos na atividade
JORNAL HOLANDÊS: Há quantos anos cria Holandês?
ANTÔNIO DE PÁDUA MARTINS: Meu pai me concedeu algumas bezerras Gir, na década de 80. A partir daí, iniciamos a compra de bois Holandês PO registrados para cobri-las quando novilhas. Após alguns anos, iniciamos a inseminação artificial somente com touro Holandês. Portanto, não seria possível determinar um ano exato de criação dessa raça, pois todo o gado da fazenda foi evoluído a partir de animais de criação própria.
JH: E há quantos anos é associado da Mineira?
AM: Primeiro fui associado à Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa e mais tarde, em novembro de 1993 associei a ACGHMG. No início animais PO eram registrados na Brasileira e PC nas associações filiadas.
JH: Qual o segredo para fazer parte da história da raça há tanto tempo?
AM: É o estabelecimento de princípios embasados e objetivos sérios, reais e factíveis, ambos com rigor. Nossos princípios sempre foram criar animais de qualidade, e principalmente de alta produtividade para diluição de custos. Em minha opinião, a raça Holandesa é a melhor opção.
JH: Alguém da família ajuda na fazenda?
AM: Não. Sempre procurei por pessoas com espírito profissional de conduta. Trabalhei em uma grande empresa de construção pesada, por mais de 30 anos. Foi lá que aprendi a preparar objetivos e construir planos para construção dos meus negócios.
A FAZENDA
JH: Fale um pouco sobre a sua estrutura da propriedade.
AM: Criamos vacas Holandesas confinadas em free-stall, com 250 animais em lactação e média anual de 32L. A fazenda conta com 230 hectares, sendo 200 para lavoura (cerca de 30% para produção de grãos).
JH: O rebanho é 100% Holandês?
AM: Existe até alguns animais mestiços remanescentes, mas não é nosso foco.
JH: A fazenda possui outra atividade além do leite?
AM: Na lavoura plantamos parte de soja na safra, somente (cerca de 30%). Porém o foco é produção de milho para alimentação do rebanho.
JH: Qual o foco da fazenda?
AM: Leite com genética. Ambos caminham juntos. Precisamos ser eficiente e eficaz na produtividade para diluição de custos, e a raça Holandesa é imbatível nesse quesito.
O lucro com a venda do leite é muito pequeno, por isso é importantíssimo o bom gerenciamento de todas as áreas.
JH: Quais os cuidados que tem para investir da forma correta?
AM: Cumprimento dos objetivos com rigor. E esses objetivos são determinados de acordo com as recomendações técnicas. Os índices são o termômetro de cada setor. Se algo não está dentro do padrão, passamos a corrigi-lo.
JH: Cada vez mais o criador está primando pela qualidade do leite. Quais ações realizam para adequar as exigências do mercado?
AM: Sem dúvida são vários os fatores que determinam a qualidade. A padronização dos processos é essencial. Mas, no quesito sólidos, estamos buscando melhoria da alimentação dos animais e genética, principalmente no teor proteico.
JH: A propriedade desenvolve alguma ação de sustentabilidade?
AM: Sim. Reutilizamos todo o dejeto do rebanho na lavoura e estamos com projeto de energia solar em andamento.
Precisamos ser eficiente e eficaz na produtividade para diluição de custos
JH: Como soluciona o problema da mão de obra?
AM: Temos sempre um respeito muito grande às pessoas que colaboram com a fazenda. Buscamos sempre a autoestima e motivação, por meio do envolvimento deles na solução dos problemas, isso é respeito e consideração. Além disso, o treinamento de manejos é essencial e faz parte do nosso dia-a-dia. Com isso, temos uma baixíssima rotatividade na fazenda, cerca de 50% dos nossos colaboradores já estão conosco há 10 anos ou mais.
A ASSOCIAÇÃO
JH: Quais os serviços que você realiza na Associação Mineira e qual a importância deles para a criação?
AM: Utilizamos o Controle Leiteiro, Registro Genealógico e Classificação Linear dos animais. Sua importância está no objetivo de se ter animais PO’s de qualidade com ótimo desempenho produtivo. Sem esse controle, ficaria difícil alcançar esse objetivo.
JH: Como o prêmio Melhores de Minas faz a diferença para o seu negócio?
AM: Sem dúvida! Aumenta nossa motivação, essencial para mantermos ativos na atividade. Além é claro da valorização dos animais e de todo o nosso trabalho. Sentimos que todo o esforço está sendo recompensado.
JH: O prêmio é somente para grandes produtores ou o pequeno também pode conquistá-lo?
AM: O prêmio não é pelo volume de produção e sim pela qualidade dos animais. Se esse for o princípio do produtor, certamente ele terá grandes retornos. Se os princípios e valores são aplicados e as metas conquistadas, o sucesso é garantido!
JH: Como era a sua experiência como ombudsman no Jornal Holandês?
AM: Foi muito boa. Sempre gostei de ler jornais e sempre li a respeito da função do ombudsman. Como tinha certo conhecimento e gosto sobre o assunto, aceitei o convite.
EXPERIÊNCIA DE VIDA
JH: Muitos anos se passaram e muitas novidades surgiram…Você consegue acompanhar as inovações?
AM: Sempre procurei a atualização, com técnicos especialistas sobre diversos assuntos da produção. Qualquer descuido a gente pode perder a direção e no mundo do leite, não podemos correr certos riscos, nem ser amadores.
JH: Vamos relembrar… Como era antigamente?
AM: Os processos de produção eram tradicionais, fechados, sem perspectivas. As estruturas eram simples e o manejo desafiador. Com a evolução da raça Gir para a mestiça e posteriormente para a Holandesa, impulsionamos as estruturas para evoluir e fornecer o suporte que elas merecem, formando a fazenda de hoje.
JH: E aí? Os novos tempos são melhores para o leite?
AM: Muito melhor! É um negócio reconhecido e temos a consciência que a vaca de alta produção precisa de suporte e de bem-estar e isso é um dos primeiros princípios da fazenda. Antigamente, os animais se querem tinham um pasto nutritivo, menos ainda um conforto básico. A higiene na ordenha era precária e não existia nenhum sistema de controle na qualidade do leite. Hoje, o ser humano pode sim encontrar alimentos de boa qualidade, basta pesquisar nos vastos meios de informação existentes, a procedência dos mesmos.
Qualquer descuido a gente pode perder a direção e no mundo do leite, não podemos correr certos riscos, nem ser amadores
JH: Quais as características fundamentais para ser ter sucesso na raça Holandesa?
AM: Princípios e seriedade na condução dos objetivos! Quer animais de qualidade? Além de toda estrutura a ser fornecida para o merecimento da alta produção pelos animais, o foco nas características genéticas no momento da seleção é essencial. Buscamos saúde em primeiro lugar!