PROFETIZANDO O FUTURO

Há 25 anos, Djair Boscatti homenageou o filho colocando o apelido dele como o nome da fazenda – Gigica Gado Holandês e atualmente Gianfranco é quem está à frente dos negócios

Com clima ameno, relevo acidentado, encravada nas montanhas da serra da Mantiqueira, a coluna ASSOCIADO EM PAUTA traz experiências do associado da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais – ACGHMG que há mais de 25 anos está construindo uma história com sólidos alicerces. Estamos falando do Sítio Gigica – Gigica Gado Holandês, localizado em Itapeva, no sul de Minas. E quem conversou com a nossa equipe foi o Engenheiro Agrônomo, Gianfranco Tomazine Boscatti, filho do associado Djair Boscatti.
E de onde vem o nome Gigica? O nome da fazenda foi uma homenagem de Djair ao filho que possui o apelido de Gigica e atualmente toma conta dos negócios. Profetizando o futuro!
Tudo começou sem pretensão, como lazer de final de semana,mas com os anos, a fazenda foi tomando novos rumos. “O negócio se iniciou por hobby de final de semana do meu pai e foi tomando proporção ao longo desses 25 anos. A família não tinha histórico na pecuária. Assim que formei passei a conduzir a atividade de forma mais profissional e tornando a minha principal fonte de renda”, comenta Gianfranco. Mesmo aposentado, Djair gosta de ficar próximo dos animais, ele dá um suporte geral na parte de obras, manutenção, entre outros detalhes.
Gianfranco nos conta como fazer para ter produtividade aliado a qualidade, a emoção de ser homenageado nos Melhores de Minas, que as vacas Holandesas são Ferraris…Enfim como é viver do leite!

O associado Djair Boscatti com o seu filho Gianfranco Tomazine Boscatti | Foto Alessandra Perez

JORNAL HOLANDÊS: Como é a estrutura da Gigica Gado Holandês?GIANFRANCO TOMAZINE BOSCATTI: Possuímos cerca de 60ha de áreas próprias e arrendamos mais 70 a 80 ha para fazer agricultura. Hoje a fazenda é auto-suficiente na produção de volumosos, silagem de milho, sorgo e aveia, e produtos de 80 a 100% do milho em grão utilizado na dieta dos animais em forma de silagem de grão úmido.
Temos um galpão com sistema Compost Barn para alojar cerca de 140 animais, mais pistas de alimentação que alojam toda recria, no total de 320 animais.

JH: Como surgiu o nome Gigica?
GB:
Gigica era meu apelido de infância e meu pai resolveu me homenagear dando esse nome a propriedade. Profetizou o que veio a ocorrer no futuro, eu passando a tomar conta da mesma!

JH: Como andam os números da fazenda em termos de produção e qualidade?
GB:
Hoje produzimos cerca de 5 mil litros de leite por dia, com 115 animais em lactação. CBT abaixo de 5 mil e CCS abaixo de 200 mil.

JH: E Por que esses números são tão importantes?
GB:
Além de representar qualidade e sanidade do processo produtivo, representam R$ 0,09 centavos a mais no valor por litro do leite, aumentando o rendimento industrial do produto.

JH: Quais os objetivos da propriedade?
GB:
Produzir leite de qualidade superior e de forma lucrativa. Produzir e criar vacas da raça Holandesa de alto padrão genético, que proporcionam lucratividade para o nosso negócio e para nossos clientes que compram essa genética e Trabalhar de forma sustentável ambientalmente e economicamente.

“Acredito muito na simbiose de várias atividades, ainda mais quando juntamos pecuária com agricultura. O ganho se potencializa fortemente”

JH: Quais as dicas para um animal alcançar grande produtividade?
GB
: Ter foco, ser persistente, no plano de evolução genética dos mesmos e para isso utilizamos sêmen dos melhores touros do mercado, técnicas como IATF, FIV e marcadores moleculares para seleção do rebanho.

“Vacas Holandesas são Ferraris, não podemos ser motoristas de Fuscas ou querer andar em estrada de terra esburacada com elas!”

JH: Alimentação é um fator importantíssimo na produção. Como é formulada a dieta dos animais?
GB:
A dieta dos animais é acompanhada por nutricionista mensalmente. Controlamos sobra diariamente dos animais e fazemos analises mensais para aferir composição do leite, tanto no tanque como individualmente dos animais.Nossa dieta segue o mesmo padrão de ingredientes durante todo ano, e é apenas ajustada de acordo com a necessidade nos animais.

JH: Quais os maiores desafios na criação do Holandês e como superá-los?
GB: Como costumo dizer: Vacas Holandesas são Ferraris, não podemos ser motoristas de Fuscas ou querer andar em estrada de terra esburacada com elas!
São animais de potencial e especialidade incríveis e fascinantes! Portanto temos que dar condição ambiental, nutricional e de manejo para elas expressarem isso.

JH: Você desenvolve mais atividades ou ações que ajudam na hora de fechar as contas do mês?
GB:
Sim, hoje a fazenda comercializa silagem de milho, silagem de sorgo, pré secado de aveia e serragem para cama de Compost Barns.Comercializamos grãos excedentes também.
O agronegócio dentro da porteira exige um ganho entre diversas atividades para que seja rentável e eficiente.Acredito muito na simbiose de várias atividades, ainda mais quando juntamos pecuária com agricultura. O ganho se potencializa fortemente.
Hoje a atividade tem o composto orgânico, forragens, genética além do próprio leite.

O Compost Barn Foto Alessandra Perez

JH: Quais são as ações sustentáveis que realiza na fazenda?
GB:
Nosso sistema de Compost Barn não gera resíduos líquidos, pois os animais ficam sobre 100% de cama a base de serragem. Como dejetos sólidos são sempre mais fáceis e seguros de serem manejados, isso torna nossa sistema mais sustentável. Parte do composto produzido na fazenda é reutilizado em áreas de lavouras e parte é comercializado para produtores rurais da região. Desta forma conseguimos tornar a atividade leiteira sustentável, garantindo o reuso dos dejetos.

JH: E importante ter um controle financeiro?
GB:
Sem dúvida. Sem controle não sabemos os passos que podemos dar no futuro do negocio.Hoje utilizamos ferramentas internas e outras formas de gerenciamento.

“O prêmio Melhores de Minas coroa o nosso trabalho!”

JH: O que significa o prêmio Melhores de Minas para o seu negócio?
GB:
Ele coroa nosso trabalho! Principalmente com relação aos números de nossos animais. Traz para os compradores de nossa genética, a certeza que estão fazendo um excelente investimento com garantia de retorno financeiro.

JH: O que sente ao ser homenageado nos Melhores de Minas?
GB:
Sinto muito felicidade e ciência do dever cumprido! Cada prêmio tem sua história, sua conquista, seu desafio!

Foto Lorena Rodrigues de Nicolo e Silva

JH: Como você divulga a fazenda?
GB:
Utilizamos mídias sociais e principalmente os números da associação.Hoje os próprios clientes e técnicos fazem nosso mais forte trabalho de marketing devido aos expressivos números que possuímos.

JH: Quais são os planos para o futuro?
GB:
Manter e diversificar a propriedade, confinar toda recria e desenvolver um produto lácteo com marca própria. Enfim, sempre são vários…Rsrs

JH: Enfim, é possível viver do leite?
GB:
Sim. É possível, mas devemos ser extremamente perseverantes, ter foco, sempre buscar melhores índices zootécnicos,pois assim os melhores ganhos econômicos viram.