A adoção de boas práticas e tecnologias sustentáveis de produção permitem que a propriedade consiga diminuir custos e aumentar os lucros
A pecuária leiteira é um setor produtivo com desafios constantes, com custos de produção elevados ano após ano. Nesse contexto, para agregar valor ao produto, muitos pecuaristas começam a optar pela produção de leite sustentável.
Buscar alternativas sustentáveis na produção leiteira traz benefícios tanto para o meio ambiente como também para o produtor. A adoção de boas práticas e tecnologias sustentáveis de produção permitem que a propriedade consiga diminuir custos e aumentar os lucros.
Pequenas ações e mudanças de hábito no dia a dia fazem a diferença. Aproveitando o momento a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa – ABCBRH traz mudanças na impressão dos certificados e do registro genealógico.
É importante lembrar que iniciativas relacionadas à produção de leite sustentável atraem empresas interessadas em produtos de excelente qualidade e que sejam produzidos de forma sustentável.
Para isso, seguir algumas dicas é fundamental na produção de leite sustentável, permitindo um sistema produtivo mais eficiente e baseado nos aspectos ligados à sustentabilidade.
Qualquer atividade sustentável, relacionada à produção pecuária ou não, está ligada ao fato de satisfazer as necessidades atuais sem que haja comprometimento das necessidades da geração futura.
Uma atividade leiteira sustentável é aquela que vai se manter eficiente hoje para atender as necessidades de filhos e netos. Sendo assim, o leite sustentável é um produto da cadeia produtiva leiteira que promove uma exploração economicamente mais viável, ecologicamente mais correta e socialmente mais justa.
Dessa forma, práticas mais sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente na produção de leite ganham cada vez mais importância na escolha dos consumidores pelos produtos consumidos.
Em sintonia com essa nova consciência, muitos produtores de leite já se deram conta de que é possível conciliar viabilidade econômica, responsabilidade social e sustentabilidade ambiental.
Diante do objetivo de produzir um leite baseado em aspectos sustentáveis, destacamos a seguir orientações importantes.
RESPEITE TODAS AS NORMAS AMBIENTAIS
Para produzir um leite sustentável, sua propriedade deve estar em conformidade com todas as normativas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e sem embargos.
O pecuarista deve buscar regularizar-se, de acordo com as normativas do IBAMA e , para isso, é sempre importante consultar o manual de licenciamento ambiental.
Além disso, a legislação indica que devem ser retiradas todas e quaisquer habitações, galinheiros, estábulos, pocilgas, depósitos de defensivos ou outra construção que possam, por infiltração ou por carreamento, contaminar o lençol freático ou poluir diretamente a nascente.
CUIDE DO SOLO E DA ÁGUA
Além da preocupação com o atendimento das normas ambientais, muitas ações podem ser realizadas para proteger o meio-ambiente e reduzir o impacto ambiental no processo de produção de leite sustentável.
Algumas práticas adotadas na produção podem contribuir para um meio ambiente mais sustentável:
• Os bebedouros de fonte artificial devem permitir o fácil acesso dos animais e o fornecimento de água limpa. Mesmo que seja permitido pelo Código Florestal, os produtores de leite devem evitar ao máximo que seus animais tenham acesso a rios e córregos, evitando assim casos de erosão e assoreamento.
• A análise de solo para aplicação de fertilizantes e corretivos na produção forrageira é também fundamental. Cabe ao produtor realizar anualmente pelo menos uma análise das áreas de produção, com o objetivo de subsidiar e referenciar os níveis de aplicação de fertilizantes.
A ALIMENTAÇÃO É FUNDAMENTAL
As dietas dos animais devem ser muito bem balanceadas, tanto para se obter maior eficiência produtiva dos animais (produzindo mais leite) quanto para reduzir a excreção de nutrientes nas fezes e na urina.
DÊ O DESTINO CORRETO AOS DEJETOS DOS ANIMAIS
Na produção de leite sustentável, os dejetos gerados pela produção leiteira devem ter tratamento e destinação final adequados, evitando contaminação dos recursos hídricos da propriedade leiteira e as propriedades vizinhas, além das bacias leiteiras.
Uma boa prática é o uso de esterqueiras, que permitem a fermentação do esterco, diminuindo o seu poder poluidor e possibilitando o seu aproveitamento posterior como fertilizante em lavouras e pastagens. Esse recurso também evita a contaminação de rios e córregos pelos dejetos dos animais.
Outro aspecto importante a ser observado é com relação às embalagens de fertilizantes e agrotóxicos, que devem ter uma destinação correta para evitar a contaminação das áreas. Assim, a armazenagem desses materiais deve sempre ser feita em depósito especial, coberto e separado de qualquer medicamento, alimento ou animal e salvo de umidade.
Esse conjunto de ações, associado ao interesse do produtor em promover o desenvolvimento sustentável de sua propriedade é a receita de bons lucros e o baixo impacto ambiental.
Fonte: Check Milk
AÇÕES PARA VÁRIAS VERTENTES
O grupo Sekita Agronegócios, associada da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais desde a sua fundação tem como foco a sustentabilidade, principalmente ambiental e econômica.
O projeto leiteiro foi concebido levando em consideração desde a alimentação, bem-estar animal, até a destinação dos biofertilizantes e composto orgânico. Foram essas, aliadas a tantas outras ações, que trouxeram o 3º lugar para o Sekita Agronegócios no ranking Top100 2022.
O Diretor de Pecuária do Grupo Sekita, Leonardo Lopes Garcia relata algumas das ações vol-tadas para a sustentabilidade e ressalta sua importância – “Nós utilizamos toda água das chuvas coletadas das calhas na limpeza das instalações, e todos os dejetos das vacas são reutilizados”.
Dentre o manejo dos dejetos, é feita a separação dos dejetos sólidos da parte líquida. A parte sólida é compostada e retorna para cama das vacas e/ou para adubação das culturas. Já a parte líquida passa pelos biodigestores produzindo gás e gerando a energia que é utilizada nas estruturas da pecuária, e, posteriormente, o biofertilizante é aplicado via pivô nas culturas.
Leonardo conta que em todas as bordas dos pivôs centrais é plantado tifton para fazer um “cinturão verde”, sendo o tifton utilizado na produção de feno e pré-secado para alimentação dos animais.
Além destas ações, ele relatou que a fazenda tem trabalhado com rotação de culturas, manejo de conservação de solo e utilização de microrganismos para equilíbrio da microbiota do solo. Outros pontos de grande importância, que vão além da sustentabilidade ambiental, são as ações sociais e de governança que vem adotando. O grupo está iniciando um trabalho focado nas ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), com a intenção de direcionar seus trabalhos e poder mensurar suas ações sustentáveis.
As ações trazem retornos diferentes, mas válidos para várias vertentes. Garcia relatou que as ações geram benefícios diretos e rápidos na questão econômica e a preservação do meio ambiente é um retorno positivo imensurável. “Com o aproveitamento dos dejetos, há uma diminuição substancial nos custos com fertilizantes, além de uma melhora na produtividade e qualidade das culturas produzidas. No manejo de conservação de solo, com o armazenamento da água no período chuvoso, é evitado os prejuízos com erosão, podendo otimizar a produção com a irrigação no período seco”, destacou.
O Diretor conclui dizendo que o tempo de retorno para cada ação varia, mas vale a pena. “Para cada prática adotada temos um tempo diferente de resposta. Ações sociais e de governança tem uma resposta mais longa, pois atuam na cultura organizacional. Já as ações ambientais, principalmente relacionadas a questões técnicas têm efeito de curto e médio prazo”, disse.
Fonte: Milkpoint
AÇÕES EFETIVAS
Outro associado que também foi destaque no TOP 100 realizado pela MilkPoint foi José Henrique Pereira e que também está de olho na implementação constante de ações relacionadas a sustentabilidade do seu negócio. A Fazenda Cobiça que pelo segundo ano consecutivo está entre os Top 10 teve o maior crescimento percentual entre 10 primeiros, 14,14% (5.718 litros/dia), passando a ocupar a 9ª colocação no Levantamento.
O sócio proprietário da Fazenda Cobiça, Marcelo Branquinho Pereira traz ações na utilização da água e na cama dos animais.
“Nós trabalhamos em sistema de free stall e utilizamos areia reutilizada nas camas e realizamos a limpeza dos barracões com água de reuso. Já a água dos dejetos que sobra do sistema é utilizada em um sistema de pivô em tifton e este é o pastejado pelas novilhas prenhes”, comenta.
Marcelo ressalta que essas ações são muito efetivas ambientalmente e economicamente. O gasto de água é pequeno e a compra mensal de areia para repor as camas fica em torno de 10 %.
“As ações trazem retornos diferentes, mas válidos para várias vertentes. Elas geram benefícios diretos e rápidos na questão econômica”, ressalta Leonardo Garcia