Silagem de cincho é boa alternativa para pequenos produtores alimentarem o gado
Fotos divulgação Emater/MG
A silagem é uma das melhores opções de alimentação do gado durante o período de estiagem. Nesse processo, por exemplo, o milho, capim ou sorgo são armazenados em silos para fermentação. Quando feita corretamente, o valor nutritivo da silagem é semelhante ao material de origem. Na época de seca, a silagem garante alimentação de qualidade para o gado e, com isso, contribui para que a produção leiteira do rebanho não seja prejudicada.
Uma alternativa mais barata e eficiente para manter o gado bem alimentado no período de estiagem. É o que, segundo a Emater-MG, os pequenos produtores podem conseguir com a implantação do silo cincho para o armazenamento de capim-elefante.
O custo para a implantação do silo cincho é em média 30 % menor do que o trincheira, mais conhecido. O silo cincho pode ser implantado próximo aos currais, o que facilita o trabalho do produtor. Também não há a necessidade de contratação de tratores ou ensiladeiras para construí-lo. “Pode ser feito em mutirão, motivando a cooperação entre os produtores. O silo cincho ainda permite uma compactação melhor do que o trincheira. O pisoteio realizado pelos trabalhadores é mais uniforme e consegue, inclusive, compactar melhor as bordas do silo, o que quase sempre é a parte menos compactada no silo trincheira, ocasionando perdas que chegam a 10% do material ensilado”, afirma o coordenador regional de Culturas da Emater-MG, Walfrido Albernaz.
O terreno da ensilagem deve ser plano e, ao redor do silo, recomenda-se fazer uma valeta para o escoamento de águas pluviais. De acordo com o coordenador regional da Emater-MG, a construção do silo cincho pode ser feita com uma chapa de aço galvanizado, com 60 cm de largura e comprimento variável, que vai depender do volume a ser armazenado. Segundo Walfrido Albernaz, com uma chapa de 11 metros de comprimento é possível fazer uma fôrma circular com 3 metros de diâmetro. A chapa é amarrada com arame em suas extremidades, formando um anel. Ela é fixada ao solo com cinco estacas, evitando que a mesma seja deslocada durante a compactação inicial da silagem.
O corte do capim-elefante para silagem deve ser feito com 90 dias de rebrota, ou seja, três meses após o último corte. A forrageira deve ter entre 1,80 e 2 metros de altura. A orientação é que o corte seja feito no dia anterior ao da ensilagem. “Isso permitirá o murchamento da planta, o que favorece a fermentação da silagem, ao eliminar o excesso de umidade do capim logo após seu corte além de facilitar o enchimento do silo em menor tempo”, diz Albernaz. De acordo com o coordenador da Emater-MG, o capim-elefante é menos nutritivo do que as silagens de milho e sorgo. Mas, segundo ele, neste caso, deve-se adicionar ao volumoso fubá de milho ou sorgo, o que irá resultar numa silagem de boa qualidade.
O capim picado é colocado no interior do silo. A cada camada de 20 cm, a forrageira é compactada por pisoteamento. Na medida em que a massa ensilada atingir a altura da fôrma, a chapa de aço galvanizado é solta das estacas e suspensa. Dessa maneira o silo ganha a forma de um cilindro de capim. Após completar a ensilagem, a fôrma é retirada e o volumoso é coberto com lona plástica, vedando o silo para evitar a entrada de ar. “Um silo com três metros de diâmetro e 1,5 metro de altura tem a capacidade de armazenar aproximadamente 6 toneladas de silagem”, ressalta Albernaz. Em média, o volumoso poderá será utilizado na alimentação do gado 30 dias após o seu armazenamento.
De acordo com Walfrido Albernaz, a silagem é importante na região devido à falta de pasto de qualidade na época da seca. Isso, segundo ele, obriga o produtor a armazenar volumoso para manutenção do rebanho e a produção de leite e carne. “Uma silagem de qualidade permite a redução de custos com ração concentrada e o balanceamento correto da alimentação dos animais. A silagem funciona como uma “poupança”, que deve ser utilizada nos momentos de falta de volumoso na propriedade”.
DIVULGAÇÃO DA TÉCNICA
A Emater-MG está promovendo uma série de dias campos sobre a ensilagem em silocincho, na região Central de Minas. A iniciativa tem despertado o interesse dos produtores, que estão adotando a técnica. O próximo evento acontecerá durante a Semana de Integração Tecnológica, que será realizada entre 16 e 20 de maio, esta tecnologia será apresentada aos produtores na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas – MG.
“O silo cincho é pouco conhecido e raramente utilizado na região. Com os dias de campo realizados pela Emater e com a iniciativa de alguns produtores, sua utilização vem sendo disseminada, principalmente, em comunidades onde os produtores utilizam o mutirão e a troca de serviços para reduzir o custo da mão de obra”, diz Walfrido Albernaz.
Mais informações: 31 3027-1918
VOCÊ SABE QUAL A DIFERENÇA ENTRE SILAGEM, SILO E ENSILAGEM?
O zootecnista e Mestre em Ciências Veterinárias João Paulo Gomes de Carvalho explica as diferenças entre silagem, silo e ensilagem, todos conhecem, mas mesmo assim é comum que as pessoas confundam os seus significados, ou usem como sinônimos. Não é raro ouvir uma pessoa dizer “minhas vacas aumentaram a produção, agora que estão comendo silo”. Esse erro é comum, por isso é importante deixar claras as diferenças entre estes termos.
A SILAGEM é o alimento conservado, usado na alimentação dos animais. São gramíneas ou leguminosas que foram fermentadas em anaerobiose, ou seja, na ausência de oxigênio. Sua função mais importante é a reserva do alimento produzido no verão para ser usado no inverno, quando a disponibilidade de pastagem diminui. Portanto, a silagem é uma fonte alternativa de alimento volumoso para os herbívoros.
O SILO, por sua vez, é a estrutura física onde a planta forrageira picada é colocada e armazenada. É usado para armazenar a silagem pelo período que for necessário, sem permitir a entrada de ar ou água. Existem silos de variados tipos e tamanhos, que se adéquam as necessidades e limitações de cada propriedade. Os silos podem ser horizontais, de trincheira ou superfície, ou verticais, aéreos ou de cisterna. A entrada de ar é evitada pela compactação da forragem e pelo uso de lonas para a vedação do silo.
E por último, ENSILAGEM é o nome do processo pelo qual a forrageira é submetida para que seja conservada. Este processo envolve o corte da planta no campo, a picagem e a compactação desta no silo. A compactação pode ser feita com o uso de tratores, animais ou mesmo pessoas pisando. No processo de ensilagem, a planta é transformada em silagem pela ação fermentativa de bactérias, dentro do silo.