FAZENDO A DIFERENÇA NO NEGÓCIO

Saiba como gerenciar mudanças efetivas dentro das empresas rurais

Não é de hoje que as empresas rurais enfrentam uma série de dificuldades com o preço de leite, preços dos insumos, funcionários, alterações de ofertas e demandas e nem é uma novidade que precisamos mudar o jeito de trabalhar dentro das fazendas. Constantemente, os desafios são decorrentes de mudanças climáticas, pressões econômicas, competitividade no setor e agora, pela busca por avanços tecnológicos.
Vale ressaltar que todas essas transformações vieram em determinado momento devido a necessidade de mudanças no setor, ou em meio a crises políticas ou ainda, decorrentes de pressões dos elos que unem as cadeias produtivas.
Dentro das fazendas, por exemplo, vemos hoje um mundo de possibilidades para a melhoria dos rebanhos em termos de sanidade, nutrição e genética, biotécnicas reprodutivas, novos sistemas de captação e aproveitamento de água e de resíduos, mecanização das operações a campo, software, drones e por aí vai. Mas, em meio a tantas novidades, que até assustam devido ao ritmo, nada disso tem resultados se não existirem mudanças efetivas dentro das empresas rurais.
Nesse contexto, essas mudanças efetivas não dizem respeito apenas ao caráter estrutural ou físico das fazendas, mas principalmente na mentalidade dos produtores e na cultura que deve ser vigente dentro dos sistemas de produção. Apenas assim, qualquer outra prática a ser incorporada, será bem aceita e terá resultados positivos dentro das operações.
Então, abaixo, deixo seis pontos que devemos ter atenção, e que podem ser o caminho para que todas as mudanças gerem aumento de produção e controle dentro da atividade:

1- MENTALIDADE GERENCIAL
Quando digo isso, me refiro a virada de chave de “produtor rural” para “empresário rural”, independente do tamanho da propriedade, todos que são donos de seus negócios, devem ver suas atividades como as de uma empresa. E para isso, deve-se buscar por conhecimento gerencial, capacitações, desenvolver habilidades gerenciais, entender como realizar as atividades e como buscar por eficiência dentro do sistema de forma permanente. Realmente saber onde a atividade estará em 5, 10 ou 20 anos à frente.

2- PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico será essencial para orientar a implementação de mudanças nas empresas rurais. Pois inclui o objetivo, define as metas de forma clara e cria estratégias alcançáveis no curto, médio e no longo prazo. Posso dizer que o planejamento estratégico é a única forma de identificar como a empresa deve trabalhar, quais recursos serão necessários, assim como avaliar riscos e criar um cronograma para a incorporação de mudanças reais dentro do sistema.

3- GESTÃO DA PRODUÇÃO
Para ter mudanças efetivas dentro do sistema, não podemos pensar a atividade um dia após o outro e todo dia fazer a mesma coisa. Isso gera desgaste, desmotivação, uso indevido de recursos e descapitalização ao longo do tempo. A produção de leite e dos animais, deve ser baseada no planejamento estratégico que mencionei acima, pois vai dar base para compreender o que pode melhorar ou manter no dia a dia do operacional. Ou seja, para gerenciar a produção é necessário pensar o estratégico primeiro.

4- GESTÃO DE PESSOAS
Esse é um tema que veio para ficar. Gestão de pessoas não é luxo para fazendas grandes, é obrigação em todas as empresas rurais. Quando entendemos que para o operacional gerar resultados, as pessoas precisam estar em sintonia com o ambiente, compreendemos que a maneira como lidamos com as pessoas, impactam muito mais do que imaginamos. Por isso, criar estratégias para gerir essa parte é fundamental, seja através de mudanças ambientais, capacitações, programas de treinamento e parcerias com instituições educacionais, diálogos, estabelecimento de rotinas ou demais possibilidades existentes.

5- PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS
Todas as empresas rurais devem adotar práticas de sustentabilidade dentro de seus sistemas, pensando na preservação dos recursos hídricos, manejo de pastagens, descarte de produtos químicos, aproveitamento de resíduos orgânicos e preservação de flora e fauna, e isso, além de gerar redução nos impactos ambientais, geram economia de tempo e recursos financeiros dentro das fazendas.

6- INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA
Tecnologia não se trata apenas de máquinas e robôs, mas de qualquer incorporação de ferramentas que geram melhoria dentro do sistema. Por isso, até um pré e pós-dipping são considerados tecnologias. E todas as tecnologias desempenham um papel crucial na gestão moderna de fazendas. Pois melhoram o aproveitamento de todos os recursos físicos, humanos e animal incorporados ao sistema. Claro que empresas rurais que já adotam tecnologias de manejo e podem incorporar sistemas mais avançados, estarão sempre com poder tecnológico maior, mesmo assim, sempre precisa-se analisar se está tendo o resultado esperado: aumentando da produtividade com diluição dos custos operacionais.
Enfim, gerenciar mudanças efetivas dentro das fazendas rurais é um desafio complexo que requer uma abordagem integrada e estratégica. Não acontece de um dia para o outro, mas precisa começar de alguma forma e por algum caminho. Ao adotar práticas que geram mudanças dentro do sistema, os resultados começam a aparecer e de forma natural, as mudanças viram ações permanentes e efetivas. A chave para o sucesso está na adaptação contínua e no aprimoramento da produção com entendimento, clareza e acompanhamento dos resultados.
As mudanças efetivas precisam ser tanto eficazes quanto benéficas para todos os envolvidos dentro das empresas rurais.

FONTE: Milkpoint, por Fernanda Giacomo Ragazzi