Para se capacitar Flaviana faz cursos de capacitação, pesquisa na internet e adquire muitas informações com os técnicos que visitam a fazenda
Foto arquivo pessoal
Apaixonada pelo campo, a entrevistada desta edição é a Flaviana Ferreira, administradora da Fazenda São José, em Santa Juliana – MG. Ela nos conta como é trabalhar em um mundo tão masculino, nos dá dicas simples que podem fazer a diferença na gestão de sua propriedade. “Acho fundamental fazer anotações de tudo, faço várias anotações do tipo: o dia que insemino, o cio, o parto e muitas outras informações. Cuido da sanidade dos animais, do casco, insemino, quando preciso faço o parto, enfim tenho um cuidado especial com todas elas”, comenta Flaviane.
JORNAL HOLANDÊS: Como surgiu a paixão pelo campo?
FLAVIANA FERREIRA: Meu avô tirava leite e desde pequena eu o acompanhava, a partir daí o meu amor foi só aumentando. Tenho uma imensa paixão pelo campo, pelas vacas.
JH: Um local considerado por muitos como masculino, como é ser mulher e gerenciar uma equipe em que a predominância é de homens?
FF: Não é nada fácil, tem certa resistência da parte deles por eu ser mulher e ter de fazer o que peço, mas sempre procuro falar de forma tranquila e mostrar que preciso da ajuda deles. Tenho uma companheira que faz a primeira ordenha e isso me ajuda muito.
JH: O que a visão feminina pode fazer a diferença?
FF: A questão da organização em geral é maior, tenho um certo trabalho em passar isso para eles, mas todos me ouvem bem. Sou uma pessoa que não abre mão de fazer acontecer, o que quero luto sempre pelos meus objetivos.
JH: Como você faz para se atualizar?
FF: Faço cursos de capacitação, pesquiso na internet e pego muitas informações com os técnicos que visitam a fazenda.
JH: Recentemente, o que mais te chamou a atenção em termos de solução inteligente?
FF: O carrossel que facilita muito a ordenha e a limpeza.
JH: Como é ser um bom gerente?
FF: Acredito que é fazer as coisas darem certo na propriedade, e ser companheiro da equipe por que acredito que não existe um bom gerente sem uma boa equipe.
JH: Quais são os desafios na hora da gestão de pessoas?
FF: Cada um pensa de uma forma e isso muita das vezes gera conflito, por isso é sempre importante separar o profissional do pessoal.
JH: Você acha importante trabalhar com sustentabilidade?
FF: Sim acho muito importante. Temos aqui na fazenda algumas ações como um separador de dejetos, onde utilizamos para a adubação dos piquetes e ele funciona da seguinte forma: as fezes das vacas caem em um depósito, depois o separador separa o líquido do sólido, o líquido vai para os piquetes e o sólido pode ser vendido como adubo orgânico.
Outra boa ideia é a utilização dos dejetos na extração do gás que gera energia para abastecer a propriedade, seria na realidade o biodigestor. Ele é um composto de 75% de metano e 25% de gás carbônico, proveniente da decomposição da matéria por bactérias anaeróbicas. A produção do biogás é feita em biodigestores, reatores químicos onde ocorrem as reações anaeróbicas, ou seja, sem a presença de oxigênio, enfim as fezes geram o biogás.
JH: O que é fundamental na hora de cuidar da sanidade dos seus animais.
FF: Conhecer bem o rebanho, observar todos os dias, é assim que faço.
JH: Com ar de jovialidade, como vê a evolução genética? Você acha que ela é ainda de difícil acesso?
FF: Acredito que o acesso já está melhorando.
JH: Você me disse que faz anotações gerais na fazenda. Quais são essas anotações? E qual a importância delas?
FF: Anoto cobertura, partos, faço controle leiteiro, enfim, as anotações são de total importância para gerenciar bem a propriedade.
JH: Enfim, deixe uma mensagem para todas as mulheres que tem a dúvida se vale a pena trabalhar com leite!
FF: Há dificuldades em trabalhar com o leite, mas como a cada dia a mulher mostra de que é capaz, não vejo tantas dificuldades. Não tem valor maior em você inseminar uma vaca depois de alguns meses e você ver nascer uma bezerrinha mais linda, aí você cuida, ela vira uma novilha e você vê que seu trabalho está rendendo bons frutos, isso é maravilhoso, a gente sente como se fosse mãe, médica, instrutora, você ensina a forma que ela deve viver, o que comer. Não tenho nem palavras, amo muito o que faço e dedico a maior parte do meu tempo para elas. É um amor eterno!