JUNHO É O MÊS DE FESTEJAR O LEITE

No Brasil, só no século 18 o leite caiu no gosto do brasileiro e começou a fazer parte da culinária


Foto: Marcos La Falce

Junho é tempo de comemorar o bem mais precioso dos nossos produtores, o Leite. Seja no dia 1 de junho, Dia Mundial do Leite ou no dia 24 de junho, Dia Internacional do Leite é tempo de festejar e cuidar cada vez mais da produção com qualidade. O leite está presente em todos os momentos de nossas vidas, seja no tradicional “pingado” (café com leite), no queijo, iogurte ou mesmo de forma indireta, na produção de apetitosas guloseimas. De qualquer forma, ele sempre está presente no nosso dia a dia!

A edição traz curiosidades, tipos de leite, qual a função de cada um para a vida e os comentários do produtor de leite do Rio Grande do Sul, Fabrício Nascimento que relatou no seu Facebook situações que assombram diariamente o criador que está sempre preocupado com a tão falada qualidade do leite.


VOCÊ SABIA?

– Análises históricas revelam que o consumo de leite de vaca, pelo homem (ou pelos humanos), tenha começado há 11.000 anos, com a domesticação dos primeiros animais.

– O alimento mais consumido do mundo é o leite. São consumidos cerca de 480 bilhões de litros de leite por ano seja puro ou em suas variações como iogurtes, queijos, sorvetes e outros derivados.

– Leite em pó nada mais é do que o leite de vaca que passa por um processo de “secagem”.

– O consumo de leite quente antes de dormir auxilia no sono. O aminoácido triptofano participa da produção de melatonina no cérebro, um neurotransmissor bastante importante no processo do desencadeamento do sono.

– Tomar leite contribui para prevenção da obesidade, doenças no coração, diabetes, síndrome metabólica e ajuda a controlar os níveis de colesterol no sangue.

– Estudo publicado pela Universidade da Califórnia, nos EUA, revela que o consumo de leite contribui para a perda de peso. Segundo o relatório, pessoas com diferentes faixas etárias que consomem leite são mais magras e tem menos tendência a serem obesas.


TIPOS DE LEITE E INTOLERÂNCIA A LACTOSE

Estudos internacionais apontam que o leite traz benefícios para a memória, equilíbrio da pressão arterial, nutrição do feto durante a gestação, hidratação, dentre outros. Uma pessoa adulta precisa consumir cerca 1000mg de cálcio por dia, o equivalente a 3 copos de leite de 200ml. Segundo a nutricionista e professora do Centro Universitário UNA, Cristiane Loureiro, além de ser o alimento com maior teor de cálcio, o leite animal tem uma absorção mais rápida pelo organismo, sendo ideal para o consumo humano. “Mulheres na menopausa, e durante a gravidez e o período de amamentação, por exemplo, precisam ingerir uma quantidade ainda maior de cálcio para evitar a perda de massa óssea, neste caso o ideal é 1200mg por dia”, orienta.

Uma dúvida recorrente diz respeito aos tipos de leite existentes no mercado. O integral é o mais consumido no mundo. O semi-desnatado tem 50% menos gordura do que o integral. E o desnatado, em alguns casos, chega a ter zero gordura. “O integral é recomendado para crianças e adolescentes que precisam desse aporte calórico das gorduras e das vitaminas existentes nelas. O desnatado deve ser usado principalmente por quem precisa reduzir o teor de gordura na alimentação, como em casos de sobrepeso ou colesterol alto”, observa Crisiane.

Mais recentemente, criou-se um preconceito quanto à ingestão da lactose, que é um açúcar natural do leite e importante fonte de energia. O leite materno possui o dobro de lactose encontrado no leite de vaca. Conforme pesquisa da Sociedade Brasileira de Nutrição, boa parte da população tem algum grau de intolerância à lactose, mas esse diagnóstico não é um indicativo de suspensão do consumo desses produtos. “O organismo de quem tem intolerância não produz suficiente lactase para digerir a lactose, o que gera gases e desconforto abdominal. Essas pessoas podem e devem incluir produtos lácteos na dieta. Para todos os casos, a dica é optar por derivados do leite porque eles já tiveram a quebra total ou parcial da lactose durante seu processo de produção. Nos casos mais graves nós suspendemos a ingestão de leite temporariamente e vamos retomando aos poucos. Hoje existem vários produtos zero lactose visando justamente atender a esse público”, explica a nutricionista.

Especialistas afirmam que o produto lácteo só deve ser evitado em caso de alergias, ou seja, reações do organismo à proteína do leite, o que deverá ser diagnosticado por meio de exames clínicos. “Diferentemente dos intolerantes, os alérgicos são portadores de uma condição em que o sistema imunológico reage à proteína do leite e a recomendação neste caso é não consumir o produto in natura nem mesmo os derivados. Para os alérgicos, nós utilizamos medicamentos, fontes de cálcio de origem vegetal e suplementação. É importante destacar que os dois casos precisam de acompanhamento médico e de nutricionista”, observa Cristiane.

O brasileiro precisa aumentar a ingestão de leite e derivados para garantir a saúde dos dentes e dos ossos. Existem bebidas lácteas enriquecidas com cálcio, vitaminas, ferro, probióticos, e ômegas. Nesses casos, segundo a especialista, não há contraindicações. “No caso dos queijos, por exemplo, vale priorizar os brancos, como cottage e frescal. Existem dezenas de produtos lácteos no mercado e podemos combiná-los com frutas, aveia, dentre outros para incrementar e variar o sabor. É fundamental atentar para os níveis de açúcar e gordura”, recomenda.


QUAL A FUNÇÃO DE CADA LEITE?

Diante da variedade de tipos de leite presente no mercado, fica complicado descobrir qual o melhor para a sua saúde, não é verdade? Confira qual a função de cada um deles!

LEITE UHT INTEGRAL – É importante para crianças e adolescentes em fase de crescimento que não apresentam sobrepeso ou obesidade, pois os nutrientes presentes no leite são fundamentais para o bom funcionamento do corpo, atuando na formação de ossos e dentes, e no sistema imunológico e nervoso. Um copo de 200ml apresenta cerca de 115kcal e oferece o equivalente a  21% das necessidades diárias de cálcio.

LEITE UHT SEMIDESNATADO – Apresenta redução de mais de 50% das gorduras totais, mantendo as mesmas quantidades de nutrientes e minerais, principalmente o cálcio e as proteínas. Possui menos gorduras saturadas e um valor calórico menor que o integral, preservando nutrientes e garantindo sabor. É uma ótima opção para quem se preocupa em manter uma alimentação rica em nutrientes, porém atento ao consumo de gorduras. Um copo de 200ml contém um pouco mais de 70 kcal e também oferece 21% das necessidades diárias de cálcio.

LEITE UHT DESNATADO – Contém todos os nutrientes do leite, porém sem gordura. Indicado para pessoas que desejam reduzir o consumo de gordura em sua dieta ou aqueles que apresentam complicações clínicas relacionadas ao consumo de gordura saturada, como hipertensão, colesterol elevado e diabetes. Um copo de 200ml possui cerca de 60kcal e 0% de gordura.

LEITE SEMIDESNATADO RICO EM CÁLCIO – A maioria das pessoas sabe que o mineral é essencial para a formação e manutenção de ossos e dentes, porém o coração, os músculos, o sangue e os nervos também utilizam cálcio para exercerem suas funções vitais. O leite rico em cálcio é ideal para aqueles que possuem deficiência desse mineral. Um copo de 200ml oferece 320mg de cálcio, ou seja, 32% da quantidade diária recomendada.

LEITE INTEGRAL BAIXO TEOR DE LACTOSE – Desenvolvido com o objetivo de atender às necessidades dos intolerantes à lactose – açúcar presente no leite. E o melhor é que mantém os mesmos nutrientes presentes na versão convencional, como o cálcio e as proteínas.

Fontes: BRF Brasil Foods e Embrapa


PARA REFLETIR

QUALIDADE DE LEITE, UMA EXIGÊNCIA DO LATICÍNIO OU UMA OBRIGAÇÃO DO PRODUTOR?

“Não basta dizer, “ah meu leite tá dentro da normativa, precisamos ir além”, destaca o autor. O produtor de leite do Rio Grande do Sul, Fabrício Nascimento relatou no seu Facebook situações que assombram diariamente o criador que está sempre preocupado com a tão falada qualidade do leite. E como ficam os sonhos de exportação?

Entra instrução normativa, sai instrução normativa, e o assunto qualidade de leite parece seguir sendo um enigma, alguns conseguem excelente qualidade, outros tentam se enquadrar nas exigências do ministério e assim vai cada vez mais se evitando falar na tão temida qualidade.

Primeira coisa que devemos pensar em relação à qualidade de leite é que, produzimos um ALIMENTO, assim sendo devemos entregá-lo com excelente qualidade para nosso consumidor.

Muitos encaram isso como uma exigência do laticínio, julgando que só aumenta o custo.

Na verdade o controle de qualidade baixa o custo.

Segundo o estudo adaptado de Halasa et al. (2008), falando em CCS, se você tiver como média do tanque 500mil células/ml, você terá uma perda de 12% na produção.

Este é apenas um, dos inúmeros exemplos que eu poderia citar.

Agora imagine você que tem esta CCS de 500mil células/ml, independente de seu volume de produção, acrescente 12% sobre seu volume e veja se não valeria a pena manter uma CCS baixa.

Além do retorno financeiro, a satisfação de saber que nosso leite está com uma qualidade ótima, são fatores que devem nos levar a pensar mais sobre qualidade.

Sonhos de exportação de leite, só serão realizados o dia em que tivermos uma qualidade muito maior do que as exigências destas normativas.

E não vamos dizer que é impossível, pois se tem produtor conseguindo, a gente também consegue.

Não podemos nos acomodar ao ponto de dizer, “ah meu leite tá dentro da normativa” , isso não basta, precisamos ir além, nossos consumidores merecem mais e nós merecemos faturar mais com um leite de qualidade.

Leite é vida, leite faz bem, leite de qualidade é um dos melhores alimentos do mundo!


A Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais parabeniza a todos os associados, produtores e suas equipes por trabalharem diariamente em prol da qualidade desse bem tão precioso, o leite.