ATENÇÃO AO FOGO

As queimadas podem causar inúmeros danos trazendo grandes prejuízos ao dia a dia da fazenda

As mudanças climáticas estão sendo cada vez mais constantes, por isso os criadores devem estar atentos ao aumento da temperatura. O clima seco traz muitos transtornos não só aos humanos como também aos animais, principalmente quando falamos em produtividade. As queimadas é outro sério problema que pode trazer grandes prejuízos ao dia a dia da fazenda, como abastecimento de água, qualidade do solo, do ar e da vegetação. Além disso, a fumaça é tóxica e agrava doenças respiratórias. O fogo pode ainda secar nascentes e reduzir a disponibilidade de água potável. Ao atingir casas, plantações e rede elétrica, traz também enormes prejuízos econômicos para as famílias.
A seguir trazemos importantes dicas de como evitar as queimadas e também uma forma simples e barata de proteger a fazenda com a implantação do aceiro.
Saiba quais são os novos critérios estabelecidos pelo Governo de Minas para a prática, monitoramento e controle do fogo na agricultura.


COMO EVITAR AS QUEIMADAS

1 – Ficar a par da legislação porque, sendo ou não culpa do proprietário, ele poderá responder pelos danos.

2 – Fazer aceiro (faixas ao longo das cercas livres de vegetação da superfície do solo) com grade e/ou enxada para que o fogo não passe para outros locais. A técnica tem baixo custo e é muito eficaz.

3 – Manter um tanque de água sempre cheio e meios de transporte para levar a água até o local do incêndio.

4 – Fazer uma limpeza, eliminando materiais de fácil combustão das áreas.

5 – Elaborar um plano de contingência junto aos funcionários e à família, como a discussão prévia das medidas para conter o incêndio. Mobilizar todas as pessoas da fazenda e também os vizinhos para evitar que o fogo fique incontrolável.

6 – Ter todos os telefones úteis à mão, como do Corpo de Bombeiros, prefeitura e/ou Defesa Civil. Se houver usinas nas proximidades, também ter o contato delas, pois contam com brigadas de incêndio e colaboram com os proprietários a fim de evitar maiores danos caso o fogo se alastre também pelos canaviais.

7 – Se o fogo for em área de pastagem, abrir a cerca para os animais saírem para lugares a salvo do fogo.

8 – Incentivar que funcionários e toda a família faça cursos de prevenção e controle de incêndio. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) promove cursos on-line gratuitos sobre o tema. Verificar em http://ead.senar.org.br/cursos/campo-sustentavel/prevencao-e-controle-do-fogo-na-agricultura/

9 – O produtor rural deve fazer um monitoramento ou vigilância constante da sua propriedade, pois apesar das orientações para prevenção, os incêndios fatalmente podem ocorrer e é necessário que o proprietário rural possa garantir a sua segurança física e de todos, funcionários e vizinhos, mas também a segurança jurídica, de forma que possa comprovar os seus cuidados com a propriedade e com o meio ambiente. Para isso é interessante manter um arquivo fotográfico das suas Áreas de Proteção Ambiental (APP) e Reserva Legal, dos aceiros e também dos equipamentos de combate ao fogo, se existirem, como abafadores; trator-pipa; bomba d’água, entre outros.

10 – Havendo incêndio, fotografar os prejuízos econômicos e ambientais em decorrência do fogo: cercas, animais domésticos e silvestres, pastagem, plantações, etc. É importante, ainda, registrar um boletim de ocorrência que contenha declarações das pessoas envolvidas na contenção do fogo e um relatório dos bombeiros, caso tenha havido a participação, assim como um documento de entidades públicas e parceiros (usinas) que contribuíram para a contenção do fogo ou tomaram conhecimento da ocorrência.


ACEIROS EVITAM PROPAGAÇÃO DE FOGO EM PASTAGENS

Em época de seca é comum a ocorrência de queimada em pastos e uma das formas de evitar o problema é fazer aceiro. Ele protege cercas, postes, balancins e arames.

Os aceiros são faixas ao longo das cercas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo. A finalidade é prevenir a passagem do fogo para área de vegetação, evitando-se assim queimadas ou incêndios.

Devem ser feitos no início do período seco, quando a vegetação começa a secar. É uma maneira eficaz de evitar a entrada de fogo nas invernadas. Recomenda-se que sejam confeccionados ao longo de cercas divisórias com outras fazendas, nas invernadas dentro da própria fazenda e nas divisórias de estradas rodoviárias.  Para fazer o aceiro é necessário tirar a vegetação nos dois lados da cerca e as faixas devem medir entre 2 e 4 metros de largura, ou 2,5 vezes a altura da vegetação. Dependendo do local, usa-se grade aradora e onde não se entra com trator utiliza-se a enxada. Os materiais mais utilizados são os enxadões, rastelos, gadanhos, facões, foices, machados e tratores de lâmina ou de grade.

Em caso de emergência recomenda aos produtores manter na propriedade pessoas capazes de combater incêndios e com ferramentas apropriadas como abafadores. O principal controle de fogo é conscientizar os empregados da fazenda dos danos e reflexos negativos que ele oferece ao homem e à natureza. As queimadas empobrecem o solo, poluem, destroem redes de eletricidade, cercas, causam acidentes nas estradas o que reflete em prejuízos para o país. “Na produção sustentável, queimar não é aconselhável, o melhor é evitar sua propagação na fazenda e possível destruição da massa seca reservada aos animais”, opina o engenheiro-agrônomo e pesquisador da área de pastagens, Rodrigo Amorim. Ele diz que o produtor não deve abrir mão das técnicas de reservar alimentos para servir aos animais na época seca, mas deve evitar a perda desse alimento porque os animais não podem passar fome na seca e em nenhuma outra época do ano. O produtor deve esquecer técnicas antigas de usar fogo para controlar pragas na pastagem, limpar áreas para plantio, renovar pasto, entre outras. Hoje, tecnologias eficientes substituem o uso do fogo nos sistemas de produção. O melhor é procurar soluções alternativas para as principais atividades agropecuárias. As queimadas afetam negativamente a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas, aumentam o processo de erosão, deterioram a qualidade do ar, provocam danos ao patrimônio público e privado, acarretando prejuízos para toda a sociedade.

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP e Embrapa


NOVOS CRITÉRIOS PARA PROPRIEDADES RURAIS

O fogo sempre causou fascínio e interesse na humanidade. O uso dele deve ser consciente e controlado, pois, devido à sua alta temperatura, é capaz de consumir matéria orgânica trazendo sérios riscos à vida. O fogo pode destruir, mas também trazer progresso.

O Governo de Minas estabeleceu novos critérios para a prática, monitoramento e controle do fogo na agricultura e também para pesquisa científica e tecnológica no território mineiro.

A norma tem por objetivo atualizar os procedimentos para requerimento e emissão de autorização para queima controlada, ampliando os mecanismos de controle sobre a prática.

Entre as novidades trazidas pela resolução conjunta estão o uso da queima controlada como estratégia de combate a incêndios em plantações agrícolas, além da possibilidade de autorização da prática na análise do licenciamento ambiental.

Outra inovação é a possibilidade de realização do requerimento de autorização de forma totalmente digital, por meio do Sistema Estadual de Informações (SEI), e a realização de vistorias à distância a partir da utilização de tecnologias geoespaciais, como a Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-Sisema).

A medida objetiva reduzir prazos de análise e emissão de autorizações, além de ampliar o rigor técnico nas avaliações.

CONSCIENTIZAÇÃO

A queima controlada consiste no emprego do fogo, de forma planejada, em áreas de plantio agrícola, mediante prévia autorização do poder público.

Autorizada em casos específicos, a prática é proibida em áreas de preservação permanente – APP, de reserva legal, em unidades de conservação e entorno, em áreas próximas a subestações, linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica, e às margens de rodovias.

O diretor geral do Instituto Estadual de Florestas – IEF, Antônio Malard, avalia que os novos critérios para o uso de fogo na agricultura ampliam a capacidade de controle em requerimentos e autorizações emitidas pelos órgãos ambientais. “A nova resolução vem trazer um ordenamento jurídico e técnico mais preciso para a queima controlada, inclusive com previsão de ações para o combate a incêndios em áreas agrícolas, agravados no período de estiagem, que se estende até novembro,” ressaltou.


FINALIDADES

Segundo a nova resolução conjunta, a queima controlada pode ser empregada para as seguintes finalidades

– queima de palhada para colheita;

– eliminação de plantas invasoras da cultura;

– eliminação de restos de cultura após a colheita;

– controle de pragas e doenças;

– realização de pesquisa científica por instituições reconhecidas;

– outras hipóteses de práticas agropastoris e florestais, mediante recomendação técnica subscrita por profissional habilitado.