Uma pequena frutinha pode fazer a diferença…Estudo mostra benefícios
da inclusão da silagem de amora na dieta de vacas leiteiras
A forragem é uma parte importante da dieta da vaca leiteira. Em um estudo recente publicado na revista Fermentation, os pesquisadores descrevem que “a silagem de amora está relacionada à melhora da saúde e ao desempenho de vacas leiteiras.”
As amoreiras são plantas de folha de crescimento rápido da família Moraceae que são amplamente distribuídas no sul e leste da Ásia. São polivalentes, seus frutos são utilizados na alimentação e na produção de vinho, enquanto as folhas são frequentemente utilizadas como forragem devido à alta biomassa, teor de proteína bruta e digestibilidade. As árvores são ricas em polifenóis, como flavonóides, antocianinas, ácido benzóico e ácido hidroxicinâmico. As antocianinas podem eliminar os radicais livres e inibir a oxidação lipídica de baixa densidade.
Outros estudos mostram que os polifenóis podem regular a composição das bactérias intestinais e inibir o crescimento de bactérias patogênicas. Também foi demonstrado, em estudos anteriores, que o fornecimento de silagem de amoreira para vacas leiteiras melhora a função imunológica e antioxidante. A aplicação de silagem de folhas de amoreira mostrou que também pode ser utilizada em dietas de novilhos em terminação sem afetar o desempenho produtivo.
ESTUDO
Os pesquisadores do presente estudo investigaram os efeitos da silagem de ramos e folhas de amoreira na produção de leite, fermentação ruminal e composição bacteriana em vacas leiteiras. Eles também avaliaram a correlação entre a microbiota ruminal e os parâmetros de fermentação.
As folhas e galhos da amoreira foram colhidos na altura de 0,8-1,0 m (período de crescimento tardio) e ensilados com 10% de farinha de milho após o corte. Um total de 36 vacas no meio da lactação foram selecionadas e alocadas aleatoriamente em 3 grupos:
GRUPO CONTROLE: dieta de ração mista total (TMR) sem inclusão de silagem de amora;
GRUPOS EXPERIMENTAIS: TMR suplementado com 5% ou 10% de silagem de amoreira.
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE
Os resultados do estudo mostraram que a inclusão de 10% de silagem de amora aumenta significativamente a produção de leite, o teor de gordura do leite e a eficiência alimentar (Tabela 1). Conforme observado em estudos anteriores, os pesquisadores sugeriram que a ensilagem de amoreira poderia reduzir os teores de lignina nos ramos e aumentar os teores de açúcares redutores solúveis, levando a uma maior taxa de degradação no rúmen; a melhor produção de leite foi, portanto, atribuída à melhor digestibilidade da silagem de amoreira no rúmen.
Eles acrescentaram que alguns estudos mostraram que a suplementação dietética de folhas de amoreira fermentadas aumentou os níveis de componentes bioativos e proteínas, reduzindo o teor de fibra bruta e fatores antinutricionais da dieta.
Eles também afirmaram que os flavonoides vegetais podem promover o desenvolvimento das glândulas mamárias, melhorar a qualidade do leite e modular o microbioma ruminal e a fermentação, conforme confirmado no estudo atual.
A melhora no desempenho da lactação também foi relacionada a um provável aprimoramento do sistema imunológico, conforme comprovado pelas reduções observadas nas contagens de células somáticas do leite, no presente estudo.
Em um estudo semelhante publicado no Asian-Australasian Journal of Animal Sciences, os pesquisadores descobriram que dietas com 10-15% de silagem de amora aumentam a função imunológica e antioxidante de vacas leiteiras, ao mesmo tempo em que aumentam a concentração de ácidos graxos poliinsaturados no leite.
Tabela 1. Efeitos da alimentação com silagem de amora (MBS) no desempenho da lactação de vacas leiteiras.
FERMENTAÇÃO RUMINAL
Verificou-se que o ácido propiônico ruminal aumenta significativamente com o aumento dos níveis da silagem de amora; no entanto, não houve diferenças nas concentrações de pH, nitrogênio amoniacal e ácidos graxos voláteis totais no rúmen. O butirato apresentou valores mais altos nas dietas com 5% e 10% de silagem de amora, mas a diferença em relação ao grupo controle foi mínima.
A análise de correlação entre a fermentação ruminal e os microrganismos mostrou que o ácido propiônico foi positivamente correlacionado com as bactérias Firmicutes, mas foi negativamente correlacionado com as bactérias Bacteroides.
Foi destacado que a eficiência alimentar está positivamente correlacionada com Firmicutes (Succinivibrio e Enterococcus faecalis), abundantes na dieta com silagem de amora em comparação com o grupo controle, no presente estudo.
Succinivibrio pode converter ácido succínico em ácido propiônico, aumentando os níveis ruminais de ácido propiônico e consequentemente a produção de leite e lactose. “Isso explica o aumento nos níveis ruminais de ácido propiônico e na eficiência alimentar”, disseram os pesquisadores.
A MICROBIOTA DO RÚMEN
Mudanças na dieta geralmente afetam a microbiota do rúmen. A microbiota ruminal em vacas leiteiras desempenha um papel essencial na saúde e desempenho animal. No presente estudo, a substituição parcial de forragem e concentrado por 5% ou 10% de silagem de ramos de amoreira e folhas influenciou a microbiota ruminal.
Consistente com estudos anteriores, a análise da microbiota mostrou que Bacteroides, Firmicutes e Proteobacteria eram os filos predominantes. As proporções dos diferentes filos de bactérias entre os grupos mostraram grandes diferenças. Em comparação com a dieta sem amora, a abundância de Bacteroides diminuiu significativamente, enquanto Firmicutes e Proteobacteria aumentaram nos grupos de amora.
A Bacteroides Prevotella foi significativamente diminuída nos grupos de silagem de amoreira, enquanto a Proteobacteria Succinivibrionaceae_UCG-001 foi aumentada. A abundância de Prevotella mostrou-se negativamente correlacionada com o rendimento de gordura do leite, o que corresponde ao menor rendimento de gordura observado nas dietas controle.
Neste estudo, a abundância de Lachnospiraceae (grupo Lachnospiraceae_NK3A20_) e Ruminococcaceae (grupo Ruminococcaceae_NK4A214_) foi significativamente maior do que no grupo controle, sugerindo que a silagem de amoreira levou a um aumento na abundância de bactérias degradadoras de fibra no rúmen.
No geral, a análise de correlação mostrou que 8 espécies bacterianas pertencentes a Firmicutes foram positivamente correlacionadas com o ácido propiônico, enquanto 4 espécies bacterianas pertencentes ao grupo Bacteroides foram negativamente correlacionadas com o ácido propiônico.
Os pesquisadores concluíram que a suplementação alimentar com silagem de amoreira modula a microbiota ruminal e a fermentação, aumentando a abundância de microrganismos que digerem fibras e relacionados à gordura do leite e a síntese de ácido propiônico, consequentemente melhorando a produção de leite em vacas leiteiras.
As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.