OS GRANDES DESAFIOS DO VERÃO

Para cuidar dos animais em altas temperaturas é fundamental um bom planejamento

As altas temperaturas características do verão são um incômodo tanto para os humanos quanto para os animais. A estação mais quente do ano pode causar inúmeros prejuízos e danos para os produtores. Com elevadas temperaturas e alta umidade do ar, o verão requer atenção especial dos produtores de leite. A estação mais quente do ano começa no dia 21 de dezembro de 2019 estendendo até o dia 20 de março de 2020 e os criadores devem estar atentos aos animais para evitar o estresse térmico, um mal que causa grandes prejuízos.


AUMENTO DE ESTRESSE E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O desconforto gerado pelo calor faz com que o animal produza uma quantidade maior do hormônio cortisol, que é ligado aos níveis de estresse. Tanto o gado de corte como o de leite sofrem queda de produtividade em decorrência do quadro estressante.


QUEDA DE PRODUTIVIDADE DOS BOVINOS NO VERÃO

Entre os problemas causados pelo calor excessivo está a queda de produtividade e de resultados na reprodução do rebanho.
A alta temperatura e exposição à radiação solar afeta a reprodutividade das fêmeas, dificultado os bons resultados da reprodução, tanto natural quanto por inseminação. Nesse casos, a temperatura interna da fêmea aumenta, o que resulta na produção de ovócitos com baixa qualidade. Assim, muitas vezes, impede a fecundação. Já nos machos, a temperatura corpórea também influencia na qualidade do sêmen.


EFEITO NO GADO LEITEIRO

O gado de leite perde líquidos e sais minerais importantes para a produção. Os animais começam a beber mais liquido para tentar manter a regulagem da temperatura corpórea e assim desenvolvem a sudorese, perdendo muitos nutrientes pelo suor, o que resulta no leite de menos qualidade.


COMO O CALOR AFETA OS BEZERROS?

A própria formação do embrião pode ser afetada pelo aumento de temperatura. O feto possui alta sensibilidade às mudanças de temperatura, então, o calor pode causar desde defeitos congênitos até morte precoce durante a gestação.
Caso, ainda assim, o bezerro resistir, o pós-parto também deve ter cuidados redobrados. O animal jovem tem mais dificuldade de manter a regulagem da temperatura corpórea, além disso, possui a frequência cardíaca e respiratória mais elevada, em comparação com animais adultos. Essa combinação pode gerar inúmeros problemas aos bezerros que ficam muito mais vulneráveis.


CUIDADOS COM O CALOR EXCESSIVO

A temperatura elevada é um problema para o rebanho, pois prejudica a produção. O gado de leite perde líquidos e sais minerais importantes para a produção. O calor extremo também afeta o quantidade e a qualidade do sêmen dos touros e prejudica a fecundação nas fêmeas.

Cuidar dos animais em altas temperaturas exigem um bom planejamento: olhar a previsão do tempo e desenvolver um plano de ação parta garantir que seus animais tenham sombra e água suficiente.

O calor excessivo provoca estresse térmico nos animais. Há algumas orientações simples que você pode seguir para reduzir o impacto das temperaturas elevadas.


1- FORNEÇA ÁGUA FRESCA PARA O REBANHO

O fornecimento de água limpa, fresca e sombra é essencial. Os bebedouros ou recipientes devem ser grandes e projetados de tal forma que todos os animais tenham acesso fácil e não provoquem nenhum tipo de lesão. O número de pontos de água depende do número de animais mantidos juntos. Eles devem ser fixados de forma eficiente para que não caiam e mantidos limpos.
Cochos de concreto ajudam a manter a água fria. Os canos de água devem ter um diâmetro suficiente para lidar com a pressão de picos de demanda.
A localização da água deve ser familiar para animais dias antes do calor extremo chegar. Os animais não devem ter que andar muito para chegar até à agua.


2- SOMBRA É ESSENCIAL NO CALOR

O melhor abrigo é aquele que protege os animais do sol. Seguem algumas dicas:

– Árvores com grandes copas podem ser plantadas individualmente no campo. Elas têm efeito de resfriamento devido a absorção de calor pelas folhas.
– Uma das alternativas apontadas pela Embrapa Pecuária Sudeste é a adoção de sistemas integrados, como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que além de outros benefícios, disponibiliza sombra e favorece a redução da temperatura corporal dos animais.
– Abrigos construídos: caso ainda não tenha árvores para gerar sombra, utilize o sombreamento artificial utilizando materiais como tela sombrite, telhas galvanizadas e madeira. Construa os abrigos em locais mais altos onde há mais vento. O abrigo deve ter altura mínima de 3,5 metros. A orientação do abrigo deverá ser leste-oeste, no sentido do eixo longitudinal do telhado e que não apresente extremidades laterais.
– Resfriamento evaporativo com água em forma de névoa, neblina ou gotejamento.
– Ventilação natural ou mesmo refrigerado em confinamento total.

O tamanho do abrigo deve ser pensado de acordo com a quantidade de animais. Há o risco de eles se aglomerarem provocando asfixia.


3- MANIPULAÇÃO DO REBANHO

Recomenda-se não lidar com gado em dias muito quentes. Em casos absolutamente necessários, certifique-se de que seja feito no começo do dia ou no fim de tarde quando as temperaturas são mais baixas. O movimento ou manipulação de gado durante dias muito quentes pode aumentar a temperatura do corpo do animal em 0,5 a 3,5 graus célsius. O aumento da temperatura do corpo e o estresse causam perdas de produção. Mover os animais nas horas mais frescas pode diminuir o impacto das altas temperaturas sobre o desempenho. Por exemplo, o atraso na ordenha por uma hora ou mais à noite pode resultar em um aumento da produção de até 1,5 litros/dia/vaca.


4- TRANSPORTE DO REBANHO EM DIAS QUENTES

O transporte dos animais deve ser planejado para não comprometer o bem-estar. O plano da viagem deve minimizar os efeitos do clima, pré-determinar o percurso, marcar os locais de sombra em um mapa e, talvez, disponibilizar água com paradas de descanso.
Os animais só devem ser transportados durante as horas mais frescas do dia. Se for necessário parar, estacione o veículo na sombra e em ângulo que gere fluxo de vento entre os animais. O tempo de parada deve ser mínimo para evitar acúmulo de calor.


5- ESTRESSE TÉRMICO POR CONTA DO CALOR

Os animais precisam de sombra durante longos períodos de calor, principalmente aqueles muito jovens, idosos ou doentes. Outros animais que correm mais risco de estresse térmico são vacas em lactação, bovinos de corte e de cor preta. O estresse pode se manifestar com aumento da taxa de respiração, perda de apetite, letargia, aumento da salivação e, em casos graves, até a inconsciência.
Se os animais estão mostrando sinais de estresse, algumas ações podem ser tomadas para resfriá-las:

– Leve-os para a sombra imediatamente, de preferência algum lugar com brisa.

– Ofereça água limpa e fresca, mas incentive-os a beber pequenas quantidades.

– Coloque toalhas molhadas sobre eles.

– Aumente a circulação de ar em torno deles com ventiladores ou dando espaço para se deitar.

– Chame seu veterinário.

O importante neste período é manter o conforto de seus animais para não diminuir a produção.