Levantamento mostra que produtores investem na criação superando as diversidades de clima e relevo
O portal Milkpoint apresentou seu já tradicional e esperado Levantamento Top 100 para o mercado e dentro dos números publicados fizemos um recorte da situação de Minas Gerais.
O Estado, que historicamente é a maior bacia leiteira do Brasil, confirmou sua vocação e quando analisamos os números obtidos pela pesquisa em seu relatório descobrimos e constatamos algumas características que apontam para um cenário de crescimento e formação de novas bacias leiteiras dentro de Minas.
Em nossa análise conseguimos apontar peculiaridades e informações que comprovam que os criadores mineiros estão atentos ao cenário que se apresenta e principalmente na necessidade de melhoria dos processos em um cenário com players que por meio de resultados positivos vendem mais que o leite propriamente dito.
Minas Gerais é pelos números apontados, não somente referência, mas também uma força que deve e certamente será aproveitada em vários cenários no presente e vindouros. Afinal 35,69% da produção total é um número de respeito.
ANÁLISE SOBRE OS TOP 10
Para poder criar um universo que ofereça as mesmas condições para todos em nossa análise utilizamos como critério os seguintes parâmetros:
• Como São Paulo possui o primeiro colocado, Goiás, o último e possuindo ambos 10 propriedades no Levantamento Top 100 2018, estipulamos que este seria o número de propriedades por estado em nossa avaliação.
• Estados com um número inferior a 10 propriedades que não seriam analisadas, pois alterariam as médias e causariam distorções em análises;
• As propriedades ranqueadas abaixo da 10ª colocação por estado não seriam analisadas;
• Todas médias seriam aritméticas;
• Todos os dados têm como fonte os números publicados na Tabela 1, do Levantamento Top 100 – 2018, intitulada “Os 100 maiores produtores de leite”;
• Por estes parâmetros fazem parte de nossa análise os estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás.
Quando em nosso texto nos referirmos a Top 10 lembre-se dos critérios que utilizamos principalmente quando forem analisados juntos com os Top 100.
OS TOP 10 POR ESTADOS EM RELAÇÃO AOS TOP 100
Quando dentro do universo Top 100 2018 fazemos um recorte dos Top 10 de cada estado novamente Minas Gerais fica a frente dos demais. Considerando a produção total apurada, 654.418.196 de litros de leite, os Top 10 de cada estado somados são responsáveis por aproximadamente 55% desse valor.
O volume total negociado em 2017 foi de 360.918.318 litros apontando um crescimento médio de 10,54% com destaques para o Paraná com 18,24% que elevou a média e Minas com 10,16%. Esses números são reflexos dos incrementos na produção diária.
Quando comparamos os valores percentuais médios totais dos Top 10 com os Top 100 verificamos que os mesmos não apresentam diferenças superiores a 0,5%.
É preciso ressaltar que as amostragens de São Paulo e Goiás representam a sua totalidade dos números divulgados no levantamento Top 100 e Minas Gerais representa 40% do volume de dados avaliados e por isso não podemos extrapolar o universo em discussão para um desenho do cenário real com relativa segurança. Mas guardadas as devidas ressalvas os números apresentados podem ser levados em consideração para análises mercadológicas.
GOIÁS
Grupo Kiwi mantem liderança, mas a Fazenda Figueiredo é destaque em Goiás.
Quando comparamos a lista dos Top 10 GO com os 10 melhores dos Top 100 detectamos que nenhum dos produtores do estado ficou entre os mesmos. Porém foi no estado de Goiás que o Levantamento detectou que a Fazenda Figueiredo foi a propriedade com maior crescimento absoluto em relação ao ano de 2016. Com um incremento de aproximadamente 66% na produção diária comercializou 9.338.160 litros ao longo do ano de 2017. São 3.700.436 litros de leite a mais um volume considerável que chama a atenção. Vale lembrar que a propriedade é a terceira colocada no Top 10 GO.
MINAS GERAIS
É importante observar que a diferença nos números dos melhores colocados e os demais é mais evidente entre os Top 4, com médias acima 30.000 litros/dias sendo a média entre os Top 10 de 28.410litros/dia, a do total de criadores mineiros entre os Top 100 é de 15.997 litros/dia e a da totalidade do levantamento de 17.817 litros/dia.
Estando os lideres em São Paulo, que ocupam as três primeiras posições, Minas ocupa as três subsequentes. Se numa avaliação entre os Top10 por estado os dois ficam com uma produção muito próxima, o mesmo não acontece no Top 100 quando o Minas assume 35,7% da produção total do levantamento ocupando 40% das propriedades entre eles.
Outro fato interessante é que em relação ao ano passado oito propriedades não constam esse ano, porém, seis novas entraram para lista das constantes e em nenhuma delas houve redução no seu posicionamento e nem mesmo recuo na produção. A média diária subiu de 14.405 para 15.997 litros/dia.
Pelo levantamento as regiões com maior produtividade são as do Sul de Minas, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Aqui é importante mostrar diversidade no clima e do relevo que impõem adaptações, cuidados e manejo.
PARANÁ
Os Top 10 do Paraná foram os que apresentaram maior crescimento dentro os avaliados. Para um crescimento de 14.450.138 litros (18,24%) de 2016 para 2017 a produção dos Top 10 PR representa 66,78% dos 140.275.917 litros apurados no Levantamento Top 100 nas 21 propriedades constantes. O estado apresentou as maiores taxas de crescimento dentro do Levantamento Top 100 com um crescimento de 25,12% no volume negociado e foi responsável por cerca de 21,44% da produção total. Os Top 10 apresentaram o maior incremento diário e o volume negociado representou 14,31% do total em relação aos Top 100.
SÃO PAULO
A Fazenda Colorado, o legado do Sr. Orostrato Olavo Silva Barbosa e Agrindus formam uma tríade que juntas apresentam um volume negociado de 69.731700 litros de leite. Produção superior ao estado de Goiás, 4º maior em volume, no Levantamento Top 100 com números que os destacam até mesmo entre os 10 melhores classificados no Levantamento Top 100. Nesta lista Top 10 SP a novidade fica por conta da entrada de Avelino Antunes.
Destaques nacionais
A Fazenda Figueiredo é a propriedade com maior crescimento na produtividade dia com produção de 10.180 litros/dia das Top 100. A nossa representante de Minas nesse quesito não ficou muito atrás. A fazenda São João, True Type, de Huguette Guarani além ser a terceira propriedade de Minas, sexto lugar no ranking de produção geral é o segundo maior incremento de produção diária com 9.534 litros, 31% a mais que a produção do ano anterior e o maior do estado seguido por José Henrique Pereira, de Três Corações com 29,4%.
O Grupo Sekita Agronegócios também se destaca no quesito incrementos quando analisamos seu crescimento nos últimos 4 anos. Os 27.403 litros/dias os colocaram em segundo lugar atrás apenas do Grupo Melkstad com 31.2019 litros/dia.
O estado como um todo apresentou um crescimento na produção total comercializada no ano de 2017 da ordem de 14.688.548 de litros de leite.
O grande número de propriedades e de localidades que são citadas no levantamento indica que o estado possui várias regiões produtivas o que deixa Minas Gerais numa situação estratégica mais confortável levando-se em conta que como já diz o dito popular “não é seguro carregar todos os ovos na mesma cesta”.
O Grupo Sekita Agronegócios se destaca em quarto lugar no ranking TOP 100
Importância do Holandês
A raça Holandesa continua disparada a mais utilizada para produção de leite no Brasil sendo predominante em 78 propriedades das Top 100. A segunda mais utilizada é a Girolando, com 30 propriedades, sendo esse fruto do Holandês com o Gir e também a Jersolanda e Guzolando que também foram apontados no levantamento demonstrando a tremenda importância da força leiteira que a raça possui para alta produtividade e eficiência nas fazendas do país. Os sistemas de produção mais apontados foram o confinamento em sistema free stal e o compost barn em 68% das propriedades Top 100.
O levantamento Top 100 é realizado pela MilkPoint, desde 2001, visando conhecer quais eram e onde se localizavam os maiores produtores de leite do Brasil, suprindo uma lacuna de informação existente no setor e permitindo que se acompanhasse, no âmbito dos grandes produtores, as alterações da chamada “geografia do leite no país”.